MONTAIGNE (O REGRESSO AO CASTELO)

.

               O regresso ao castelo realiza-se num bom momento, entre a primavera e o verán, Michel tem dous anos e o seu pai (“O melhor … que algunha vez existiu”, como expressa em Da Amizade: I, 28)  non perdeu tempo: decidiu que o latim, língua do humanismo, seria também a língua materna do seu filho.  O programa educativo, resumido por Montaigne nos seus pontos mais importantes no famoso capítulo Da Educaçón das Crianças (I, 26), previa um percurso de “institutio” (iniciado nos anos 1538 – 1540) sob a alçada de um tutor alemán, Horstanus, que non sabia francês (absoluctamente ignorante da nossa língua”). O latim tornar-se-á a língua das “fábulas” do pequeno Michel, que lê por diversón as Metamorfoses de Ovídio, e, depois a língua familiar que, pouco a pouco, contaxiará o espaço adxacente (“Latinizámo-nos a tal ponto que derivou um pouco para os arredores das nossas povoaçóns”).  Aos seis anos, Montaigne non entendia o francês ou o bordalês mais do que entendia o árabe.  Mas o encontro com Ovídio, xuntamente com Séneca, Lucrécio e Plutarco, foi determinante para a sua formaçón.  Ovídio, que escreveu uns cinquenta anos depois de Lucrécio, mostrou-lhe tudo o que se pode transformar em novas formas: o conhecimento do mundo debilita a solidez e coerência da realidade, revelando unha  igualdade substancial do existente, contra qualquer hierarquia de poderes e valores.  Montaigne entende que se o mundo de Lucrécio é feito de átomos inalteráveis, o de Ovídio está repleto de qualidades, atributos, formas que definem a diversidade de todas as cousas: planta, animal e pessoa.  Plantas, animais e pessoas non som mais do que invólucros/formas de unha substância comúm que é axitada por unha profunda paixón – pode transformar-se e tornar-se nisso, nunha continuidade da passaxem de unha forma a outra.  Montaigne terá outros e mais ilustres “preceptores em casa”: Nicolas de Grouchy, Guillaume Guérente, Georges Buchanan, Marc-Antoine Muret…  Alguns deles reencontrá-los-á como professores no Collège de Guyenne de Bordéus (“o melhor de França”), no qual entrará com sete anos e onde terá também outros professores de grande talento: Mathurin Cordier, Andrea de Govéa e Elie Vinet.  Mas a preparaçón em casa será, para ele, muito valiosa.  Servir-lhe-à para o fazer “chegar rapidamente às aulas finais” e deixar o Collège com todo o curso terminado quando tinha apenas “treze anos”.  Além disso, os seus próprios professores sentiam-se por vezes aflictos perante tanta competência linguística.  Montaigne apercebia-se disso, a tal ponto que o explicava com um misto de orgulho e timidez.  Mas non se lamentaba por isso.  Pelo contrário, o que lamentou foi que a sua falta de memória o tivesse feito perder essa competência.  Em tom conciliador recordará a sua infância “dorée”, “governada de forma suave e livre e isenta de suxeiçón rigorosa” (II, 17).  Pensará, sobretudo, que o obxectivo da educaçón é orixinar unha cabeza bem formada, e non tanto enchê-la de noçóns e fragmentos de saber non dixeridos (I, 26, 25). A educaçón é um processo de assimilaçón que se parece com a produçón do mel, xá que, embora derive do pólen das flores, autoxéra forma, consistência e propriedades diversas.  Um saber que non sirva para a vida fluctua à superfície de um cérebro vazio, é um peso inútil para os pedantes, atinxidos pelas letras como se de unha martelada se tratasse.

nicola panichi

Deixar un comentario