UM “RAIO” CHAMADO PASCAL

.

               A experiência de vida dos filósofos non costuma ficar à marxém do seu pensamento, mas há alguns casos em que esta afirmaçón se acentua com especial intensidade.  Pascal é, sem dúvida, um deles, xá que tanto a sua obra como a procura intelectual están íntima e radicalmente ligadas aos acontecimentos que marcaram e definiram a sua vida.  Este filósofo desenvolveu o seu pensamento a partir das suas circunstâncias, às quais pretendia dar unha resposta, e, o que é  mais importante, pretendia viver de acordo com as suas conclusóns e descobertas.  Por este motivo, para começar a compreender a sua obra, primeiro teremos de nos aproximar de quem, segundo Baudelaire, tinha um abismo que se movia com ele.  A 19 de Xulho de 1623, nunha vila do centro de França chamada Clermont-Ferrand, nasceu Blaise Pascal.  Era filho do nobre Étienne Pascal, presidente da Cour des Aides de Clermont, e de Antoinette Begon, filha de um abastado comerciante.  O casal xá tinha unha menina de três anos chamada Gilberte.  Mas as boas notícias do nascimento viram-se de repente obscurecidas, xá que, com apenas um ano de idade, Blaise Pascal começou a ter problemas de saúde e, após meses de consultas médicas, diagnosticaram-lhe unha doença rara sobre a qual pouco se sabe.  Aí começou a relaçón do filósofo com a dor, unha relaçón que durou toda a vida e que, sem dúvida. condicionou substancialmente a sua forma de pensar e de viver.  Como bem destacou Nietzsche, o corpo é unha grande razón.  No meio das más notícias sobre a saúde do pequeno Blaise, nasceu a sua irmán Jacqueline, com a qual mais à frente o filósofo tería unha relaçón marcada pela intimidade e a cumplicidade.  Durante estes primeiros anos de vida, segundo relata a sobrinha de Pascal na biografía que sobre ele escreveu.  Blaise comportava-se com frequência de unha forma estranha: gritava sempre que os seus pais se aproximavam um do outro e tinha um medo terrível da água.  O mais curioso destes episódios, tal como refere esta biografía, é que a família atribuiu o comportamento da criança ao sortiléxio de unha feiticeira.  Para o libertar desta maldiçón, os pais envolveram-se no mundo da maxía e chegaram até a participar num ritual com gatos, com o qual se pretendia pôr fim ao estranho comportamento de Blaise.  Este episódio é um bom exemplo da mentalidade da época, o Barroco, em que o avanço da ciência e da razón non era incompatível com as crenças relixiosas nem com as superstiçóns.  Neste período, o racional, o relixioso e o máxico cohabitavam entre sí.

gonzalo muñoz barallobre

Deixar un comentario