JOHANNA ARENDT (VIDA E CONTEXTO)

.

                Johanna Arendt nasceu em Hannover a 14 de Outubro de 1906 e morreu na cidade de Nova Iorque em 1975.  Tinha sempre três fotografias em cima da mesa de trabalho: a da nái, Martha Cohn, a do segundo marido, Heinrich Blücher, e a do filósofo Martín Heidegger, as três figuras mais influentes da sua vida.  Os pais, Paul e Martha, eram oriundos de Königsberg (a cidade natal de Kant, actual Kaliningrado, em território russo) e tinham-se mudado para Hannover devido ao trabalho de Paul como enxenheiro.  Os dois pertenciam a famílias xudaicas liberais.  Perante as posiçóns tradicionalistas-ortodoxas, os Arendt-Cohn integravam-se no círculo de profissionais liberais, partidários das ideias reformistas do Iluminismo, transmitidas pelo filósofo xudeu alemán Moisés Mendelssohn no século XVIII, e que se centravam na procura da emancipaçón social e política dos xudeus e na sua plena integraçón na cidadania alemán.  Königsberg, pela sua situaçón xeopolítica como porto importante do Báltico, era unha cidade cosmopilita, com grande tráfego comercial, unha cidade iluminista, sede da Universidade Albertina, que contava com um grande número de habitantes xudeus, muitos deles vindos da rússia, de onde fuxíam devido aos “pogroms”.  A família de Arendt dedicava-se aos negócios de importaçón e ao comércio. O avô paterno, Max Arendt, converteu-se no líder da comunidade xudaica da cidade e defendeu a integraçón dos xudeus como cidadáns alemans, contra as posiçóns sionistas.  Nesse contexto liberal, iluminista e multicultural, Hannah non teve unha educaçón xudaica tradicional: non estudou hebraico, como era habitual em muitas famílias, mas grego e latim, e a sua passagem pela sinagoga foi breve e teve a ver apenas com as actividades sociais partilhadas da vida comunitária.  Ela própria, numa entrevista concedida em 1964, esclarecia o seguinte em relaçón às sua raízes: “No que diz respeito às minhas recordaçóns pessoais, non soube pela minha família que era xudía.  A minha nái era completamente arrelixiosa. (…).  A palabra “xudeu” nunca se ouviu na nossa família durante a minha infância.  Dei de caras com ela pela primeira vez, pelos comentários antissemitas das outras crianças na rua. (…)  A minha nái, ou o meu lar familiar, chamemos-lhe assim, era um pouco diferente dos habituais.  Tinha muitas cousas especiais, também em comparaçón com os dos outros meninos xudeus e até com os da minha própria família”.  Entre essas cousas especiais estaba a biblioteca do pai, com as obras dos filósofos Kant, Jaspers ou Kierkegaard, que Arendt lería precocemente, aos 14 anos, tal como outras orixinais em grego dos poetas clássicos, pelos quais tinha um interesse especial.  A doença do pai, unha sífilis contraída na xuventude, fez a família regressar de Hannover a Königsberg, e Hannah – filha única – ficou ao cuidado da nái, das tías e das amigas da família.  Martha, a nái, era unha mulher avançada para a época, educada em París, admiradora da revolucionária Rosa de Luxemburgo, com ideias claras e avançadas em relaçón à educaçón das mulheres.  Proporcionou à xovem Hannah unha formaçón sem preconceitos, incentivando o seu gosto pela filosofía para estimular a excelente memória que xá revelava.  Quando o pai morreu, em 1913, Hannah tinha sete anos.  Depois da Primeira Guerra Mundial, a nái voltou a casar com um abastado homem de negócios de Königsberg, que lhes proporcionou algúm desafogo económico após as convulsóns e a penúria da guerra.  Non deve ter sido fácil assimilar tantas mudanças em tán pouco tempo.    

cristina sánchez

Deixar un comentario