Arquivos diarios: 30/08/2018

RICHARD RORTY (COMO MUDAR O RUMO À FILOSOFÍA)

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               Este livro tem mais de história do que de argumento. A sua personaxem principal é um filósofo dificilmente classificável que se moveu por diversas áreas do pensamento e passou a vida a fuxir das etiquetas profissionais.  Debateu com filósofos analíticos, mas non foi um deles, pois non tentou definir o que é a verdade ou em que consiste o conhecimento.  Interessou-se por certos temas políticos, mas non foi um teórico em busca dos fundamentos da vida democrática.  Escreveu sobre literatura, mas non foi um crítico literário com um método definido e inovador.  Entón, que lugar ocupou Rorty?  Provavelmente nenhum.  Talvez tenha sido mais um pensador de encontros do que de posicionamentos, o que non significa que os encontros acabassem sempre em entendimentos.  Richard Rorty nasceu antes da Segunda Guerra Mundial e formou-se ao longo dos anos cinquenta e sessenta, até se tornar unha figura extremamente polémica nos anos de 1980.  Foi um escritor prolífico e minucioso e, além de utilizar técnicas argumentativas para defender as suas ideias, utilizou tácticas para fazer chegar a sua mensaxem tanto a outros grémios académicos como ao público em xeral.  Politicamente manteve unha posiçón que suscitou críticas de diversas facçóns: a direita considerou-o irresponsável, a esquerda moderada tomou-o por frívolo e a esquerda radical rotulou-o de cínico.  A dado momento, Rorty disse que o seu pensamento era mais típico de um “bricoleur” do que de um criador, o que é um pouco irónico, pois o seu modesto uso de ideias teve consequências enormes, de modo que acabou por se tornar um dos mais influentes pensadores norte-americanos do século XX.  Durante o último ano da sua vida, em 2007, declarou: “A funçón de um sincretista non orixinal como eu é fabricar narrativas que, fundindo horizontes, consigam ligar productos de mentes orixinais.  A minha especialidade son as narrativas que contam a ascensón e a queda de problemas filosóficos” (AI)1.  Neste livro apresentamos o seu pensamento de unha forma narrativa, tendo em conta a sua traxectória e os seus contínuos debates com outros filósofos da sua época.  Primeiro situá-lo-emos no panorama da filosofía do século XX, relacionando-o sobretudo com a série de movimentos e tendências que, a partir dos anos oitenta, tentaram impor outro ritmo e outra funçón à filosofía.  Também faremos unha retrospectiva dos dactos da sua vida que permitem entender melhor as suas idas e vindas, e analisaremos algunhas das suas ideias mais recorrentes.  Unha vez que é impossível fazer referência a todas as facetas e arestas do seu ideário, daremos aquí prioridade aos propósitos finais de Rorty em detrimento de todas as ferramentas que usou para os promover, ou sexa, daremos mais atençón ás suas ideias mais polémicas, como, por exemplo, o que é a filosofía para a cultura de hoxe ou o que foi a relixión para o Iluminismo.

RAMÓN DEL CASTILLO

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (62)

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               Sibylla nova em Pontareas.  Desde que cheguei de Lisboa, até á presente data, tivem muitos contratempos,  enfermedades, e misérias físicas –  Ah!  Sabe Deus quando cesarán.   Mas o 15 de Abril de 1916, fún a Pontareas, tendo notícias que había nova sibylla (Barajera), saíndo picardías, doenças, etc…  E, que para as desfazer, tinha que traer-lhe terra de um Cemitério (de um ádro onde enterrasen mortos), um lenço, ou terra do pé dereito da rapariga, um ovo de galinha negra e um pano de mán meu.  Entregar-lhe tudo isto á Sibylla, que requería tamém, que tinha que o por três días ós pés da cama, onde dormira e tomar cuidado que non se rompera, que o ovo había de romper de seu, e tán pronto rompe-se, desfacía-se o encanto…  E a rapariga aparecía a buscarme na minha casa, etc…  Mas, que non podía casar mentras estive-se así…  E aínda que deixa-se a rapariga e busca-se outra, por forza que fixé-se todos os esforzos serían nulos, etc…  Á noite sonhei que iba eu com o seu pái e Isolina diante, mas non se me representou igual.   Minha nái enferma.  O 27 de Abril de 1916, deu-lhe mal a mama, e a doença foi a pior, até que se puxo fraca, seca, lábios morados, denegrídos, cor de negro-encarnado, encendida, vista lânguida esgaceada, quedqndo quase sem movimento.  Se estas sinais duran mais três dias, ela deixaba de existir.  E a mím, vêm-me um aímpo de chorar imenso, movido por impulso da alma, que non podía deixar de chorar.

manuel calviño souto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

pronto rompe-se, que se desfacía o encanto…  E que a rapariga aparecía na minha casa a buscar-me, etc…  Pois, que non me podía casar, mentras estivesse así…  E aínda que deixase aquela rapariga e buscase outra, por forza que fixé-se, todos os esforzos, serían nulos, etc… De noite, sonhei que iba eu com a seu pai e Isolina diante, mas non se me representou igual.  Minha nái doente.  O 27 de Abril de 1916, deu-lhe mal á minha nái, e a doença foi a pior, até que se puxo fraca, seca, lábios morados, denegrídos, cor negro-morado, encendida, vista languida-esgaceada, quedando quase sem movimento.  Se isto durase mais três días, deixaba de existir, e a mim vêm-me um aímpo de chorar imenso, movido por impulsos da alma, que non podía deixar de chorar. 

manuel calviño souto