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Quantas vezes o fascinante e aquilo que nos parece irrelevante andam de máns dadas, sem que demos por isso. O fascinante de George Berkeley é ter sabido manter a compostura apesar de ter vivido entre duas grandes personalidades da filosofía britânica e empirista como John Locke e David Hume. E o irrelevante é, sobretudo, unha impressón, unha aparência sintetizada no facto de que pouquíssimos mencionaríam Berkeley se lhes fosse pedida a lista de pensadores favoritos. A ideia que se costuma ter de George Berkeley é a de um obscuro filósofo empirista que viveu entre dous xigantes. Dizia o pensador neoplatónico do século XII, Bernardo de Chartres, que os leitores dos clássicos son como anóns aos hombros de xigantes e que podem ver mais, e mais lonxe do que eles, non pola agudeza da sua visón, nem pela dimensón do seu corpo, mas porque son erguidos pela sua grande estatura. Neste caso, os ombros dos xigantes Hume e Locke non deixaram ver a verdadeira dimensón daquele a quem calhou estar situado entre ambos. Nas palavras do professor José Manuel Bermudo, George Berkeley representou o lado mais fraco do empirismo, precedido pela figura histórica de John Locke e sucedido pela enormidade crítica de David Hume, o céptico que foi capaz de, nada mais nada menos, acordar o próprio Immanuel Kant do seu “sono dogmático”. No entanto, ao contrário de Kant, Berkeley, que esgarafunchou nas feridas metafísicas do pensamento, na mente, na imaxinaçón e nas ideias, teve vida e história. A sua afirmaçón poética “o curso do império dirixe-se para occidente” tornou-se popular entre os colonizadores norte-americanos que emigraram para a costa do Pacífico, e a cidade de Berkeley – e consequentemente a sua reconhecida universidade – acolheram o seu nome como tributo ao autor de palavras que pressaxiavam que o futuro da civilizaçón occidental passava pela América. Além de ideias preconcebidas e de percepçóns estereotipadas, podemos afirmar que nos encontramos perante um empirista singular. Alguém que discordou de Newton com argumentos sérios e que se tornou predecessor das propostas de Albert Einstein: defendeu a existência de um banco central para evitar as crises económicas e enfrentou o colonialismo inglês na Irlanda. Foi um grande prosista. que criticou a cultura do luxo porque criava desigualdade, e embarcou no fabrico de um remédio capaz de curar as doenças epidémicas que assolavam aquela Irlanda imersa na pobreza. Sobre ele disse o poeta Alexander Pope que estava guarnecido de todas as virtudes que existem à face da terra, apesar de, obviamente, também ter muitos dos defeitos que existem à face dessa mesma terra.
luis alfonso iglesias huelga
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