.
O pensamento francês da segunda metade do século XX foi, muito provavelmente, a última grande corrente especulativa capaz de renovar por completo o palco em que se levantam os problemas e o modo de o fazer, a ponto de podermos dizer que, no que diz respeito aos nossos instrumentos conceptuais, vivemos no seu rescaldo. A sua influência foi enorme, cobre toda a xeografía intelectual e abarca todos os âmbitos, desde a reflexón política à crítica e à experimentaçón artística. Foram inúmeros. e de unha rara qualidade, os pensadores que levaram avante esta renovaçón e, entre eles, destacam-se especialmente Michel Foucault e Jacques Derrida. Desde princípios do século que a filosofía francesa ficara fortemente marcada por duas perspectivas diverxentes: o vitalismo e o formalismo. Em 1907, Henri Bergson publica “A Evoluçón Criadora”; cinco anos mais tarde, Léon Brunschwig publicará “As Etapas da Filosofía Matemática” (Les Étapes de la Philosophie Mathématique) – textos emblemáticos sobre o assunto. Durante meio século, as duas tendências disputaram a hexemonía e os filósofos forom obrigados a posicionar-se em conformidade. No final da década de 50, no entanto, a extrapolaçón dos métodos da linguística estructural para a etnoloxía abalou profundamente o panorama da filosofía e das ciências humanas. A descoberta dos mecanismos insconscientes, que permitem a existência da significaçón e do sentido, até entón património substancial da consciência, provocou unha onda de choque de grande alcance. Os filósofos que resolveram pensar a partir desses princípios acabarom por chegar a um ponto de equilíbrio entre formalismo e vitalismo que se revelou explosivo. Por um lado, questionando o formalismo estructural e levando-o para lá de si mesmo; mas, por outro, a sua preocupaçón com o ser da linguaxem levou-os ao encontro do vitalismo nietzschiano, com todas as suas consequências. Cada um à sua maneira, Foucault e Derrida proporcionarom um eminente exemplo desse esforço. Como se verá, son muitas as diferenças que os separam. Tentaram desdobrar-se no seguimento dos movimentos filosóficos que lhes son reconhecidos como próprios ao longo das suas sucessivas rupturas e reformulaçóns, no caso de Foucault, da arqueoloxía à xenealoxía e para além delas; transversalmente à torrente das prácticas desconstructivas, no caso de Derrida. O obxectivo non era tanto oferecer unha interpretaçón, mas expor o seu pensamento da forma mais consistente e simples possível, com o mínimo de inferferências, recorrendo ás suas próprias declaraçóns quando era necessário um esclarecimento. Apesar das suas diverxências, o ponto de partida é comum: a denúncia das premisas habituais de um determinado campo discursivo e a sua consequente suspensón ou colocaçón entre parênteses. Poder-se-ia dizer que, decididamente, o que ambos denúnciam em primeiro lugar é o etnocentrísmo, embora non o façam da mesma forma. E talvez sexa aí que as suas diferenças comecem a manifestar-se: enquanto Foucault practica a análise histórica como se de unha etnoloxía interna à nossa cultura se tratasse, com o mesmo coeficiente de estranheza. Derrida aplica-se à desconstruçón do logocentrismo e do falocentrismo, que se presumem encaixados desde sempre na metafísica occidental. Nas páxinas seguintes, veremos onde os conduzem as suas respectivas descobertas. Começamos com unha panorâmica xeral da tradiçón de pensamento da qual emerxem.
miguel morey
Publicado en Uncategorized