MARX, GRAMSCI E ALTHUSSER

.

               Falar de marxismo e de actualidade pode parecer contradictório.  Neste livro, pretende-se explicar porque non o é, mostrando quais os aspectos da tradiçón marxista que ficaram indubitavelmente obsolectos e quais, por outro lado, conservan a sua actualidade. E convém começar por afirmar que neste mundo vertixinoso, onde tudo caduca rapidamente, há algunhas realidades que, desde os tempos de Marx, non mudaram assim tanto como ás vezes se quer fazer crer.  Ouve-se dizer, por exemplo, que xá non existem “operários” e “capitalistas”, mas “empreendedores”.  O discurso das classes sociais que tanto caracteriza o marxismo foi superado, diz-se, pelo advento da economía do conhecimento, pelo crescimento do sector terciário, pelos fundos de pensóns investidos na bolsa e por tantas outras cousas.  Em resumo.  Marx estudou a sociedade moderna e há xá bastante tempo que vivemos nunha cada vez mais imprevisível pós-modernidade.  Ora bem, tanta novidade desvanece-se tán rapidamente como, a título de exemplo, a roupa que usamos no día a día.  Algunhas notícias de Maio de 2015 podem servir-nos para unha pequena reflexón.  Por esses días, um importante xornal publicava a seguinte reportaxem:  “Quem faz a sua roupa: mulher xovem, asiática, com um salário de 40 euros por 12 horas de xornada”.  Atentemos nestas linhas de resumo do artigo: “A Coordenadora Estatal de Comércio Xusto publicou um relatório sobre a situaçón do sector têxtil no mundo, um sector que esconde “situaçóns de escravidón moderna”: as organizaçóns denunciam que as grandes indústrias da moda continuam a violar os mais elementares direitos do trabalho”.  Pouco depois, o mesmo xornal publicava a seguinte manchete:  “Ehsan Ullah Khan, o líder contra a escravatura infantil que incomoda as grandes multinacionais”.  Depois, podíam ler-se as seguintes linhas:  “Este paquistanês assegura que 100% da produçón de Zara na Ásia é assegurada por mán de obra infantil”.  Assim, as condiçóns laborais daqueles que, tudo leva a crer, fabricam a roupa que provavelmente estamos a usar eram descritas com as seguintes palavras: “Um menor que trabalha numa fábrica do Paquistán, do Camboxa ou do Bangladesh entra ás 4 da manhán e sai ás seis da tarde.  As xornadas rondam entre as 10 e as 16 horas e o salário non supera os dois euros por día.  As indústrias de roupa, tapetes, futebol ou material médico son sustentadas pelo trabalho de menores, que son vendidos ás máfias ou ás empresas pelos próprios pais”.  Lendo algúns autores pós-modernos e non poucos dos nossos intelectuais da moda, unha pessoa podería, em contrapartida, pensar que as nossas camisas e as nossas saias se coseram a sí próprias em algunha montra global.  Neste mundo xá non há operários, nem em xeral classes sociais, nem, obviamente se possível fosse, devería haber sindicatos nem contractos colectivos.  As cousas aparecem e desaparecem no mercado como por artes máxicas.  Isso foi precisamente aquilo a que Marx chamou, há xá dous séculos, o “fetichismo da mercadoría”.  E nesse caso, como em tantos outros, a sua análise non só continua a ser acertada na actualidade, como, além disso, fica um pouco aquém.

carlos fernández liria

Deixar un comentario