LITERATURA (O BANDARRAS)

.

                         O BANDARRAS

               Nasceu, na Aldeia Velha, a dez quilómetros da vila de Trancoso, alá polas terras da Guarda.  Daquéla, em mil quinhentos, no século XVI, a vila tinha aproximadamente uns quinhentos habitantes, unha povoaçón de mouriscos, forzosamente covertidos em “Cristáns Novos”, e unha grande e famosa feira (para facer dinheiro grosso, o melhor é ir a Trancoso).  Como tal, era unha importante posiçón fronteiriça.  A simples palabra “Bandarras”, tinha vários significados, e todos eles bastante peiorativos.  Era um zapateiro, mas de modo algúm um analfabeto, sempre acompanhado das suas tróvas e profecías, uns textos que ganharon fama e vida infinitamente superior ó seu autor.  Á sua custa, os portuguêses fixerón muitos guisados, que colocabam sobre as súas costas largas, decían que o Bandarras era capaz de adivinhar o futuro.  Pois, a sua obra prestába-se a múltiples leituras.  Amplamente difundida por Lisboa e Évora, e de feito, em1531 e 1538 fixo duas viáxes a Lisboa, onde visitou a Xoán Cansado (ouríves da rainha), e a outro amigo que vivía na Rua Nova, levando as suas trovas consigo (a xente gostava de ouví-lo: “Non sabeis como me faceis ledo, com o que diceis”).  Xoán López (cristán novo) o convidou para cear, e no final sacarón um libro xudáico, que era perigoso.  Formava parte de unhas redes de xentes, que queríam mudar os tempos.  A sua obra servíu para apoiar diversos intereses dos poderosos, as Tróvas eram como um trunfo, utilizado na defesa de cousas tán variádas.  Tanto valíam para a vinda de D. Sebastián, como para um novo “encoberto” (D. Ioam IV), o próprio padre António Vieira, lhe brinda um lugar ás Tróvas no sermón dos bons anos dedicado ó rei.  Parece ser, que também servíu para a idéia do “V Império”: “Um só rebanho, um só pastor”.  Pessoa, o utiliza também para a sua “Mensaxém”.  Mas, finalmente, “com la Iglesia hemos atopado Sancho”!!  A sempre vixiante Santa Inquisiçón, non deixou passar a oportunidade de deitar mán ó precioso librinho do Bandarras, que quedará nas sua mans.  Non foi acusado de xudaísmo, mas sim de perturbador, por andar por aí com cousas gráves, tal como reza o processo que durou um mês.  A pena, dictada o 18 de Septembro de 1941, non foi excessivamente dura:  Silêncio. Leitura da Vida dos Santos.  Prohibído de andar detrás do exército.  E obrigado a unha declaraçón pública de arrependimento.   Don Xoán de Castro, manda editar em París a obra do Bandarras.   Don Vasco Luís da Gama, manda editar ao serviço da Restauraçón e de D. Ioam IV.   Em 1809, foi editada em Barcelona, com um texto aumentado.  O Bandarras, retirou-se para o abrigo da sua Aldeia Velha, e esfumou-se “encoberto” no mesmo nevoeiro de D. Sebastián, mas algúm poder tería e algo andava nél, que ficou retído na memória das xentes.  

léria cultural

Deixar un comentario