PLOTINO (ULISSES DE REGRESSO A ÍTACA)
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Imaxinemos a seguinte cena. Depois de muitas penúrias, um herói regressa a casa. É um marinheiro lendário, um guerreiro temido e um líder admirado. Percorreu o mundo a enfrentar tudo o que os volúveis deuses antigos, com a sua proverbial crueldade, foram capazes de lhe oferecer. Finalmente, superou todas as provas e ganhou o direito a regressar a Ítaca, sua pátria, como um filho pródigo, de excepcional linhaxem, chamado para facer recordar ao povo grego quem é, de onde vem e como habitará a terra. Mas quando as celebraçóns esmorecem e os poetas concluem os seus cantos, o protagonista, Ulisses, fica a sós na penumbra e enfrenta a terrível verdade, unha verdade antecipada pelo sentimento de estranheza que o acompanhou desde a sua chegada: “aquele non é o seu verdadeiro lar”. Nesse fatídico instante, como quem responde à sua derrocada interior, os raios de luz anunciam a presença de um Sol maxestoso, e o herói compreende que um novo horizonte acaba de se abrir perante os seus olhos. Non estaremos lonxe de entender o espírito da filosofía de Plotino se a imaxinarmos condensada na imaxem anterior. É unha flosofía que culmina na profunda crise espiritual em que se encontram os gregos a partir do período helenístico (do final do século IV ao século I a. C.), unha deriva que coincide com o declive político da Grécia, o começo do Império Romano, a segregaçón das escolas filosóficas e a gradual irrupçón do cristianismo. Neste sentido, metaforicamente falando, a obra de Plotino começa no estranho “día depois” da chegada de Ulisses a Ítaca. Trata-se, se quisermos, de unha linha argumental alternativa àquela em que o herói é feliz para sempre, e os gregos florescem como império hexemónico no mundo antigo. Unha sequela decadente, sem dúvida, que Homero nunca cantou e que seguramente lhe tería parecido unha perversón do seu poema épico, mas que refere, em resumo, a deriva real e paulatina do mundo clássico.
antonio dopazo gallego
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