Arquivos diarios: 03/08/2018

KANT (O IMPERATIVO CATEGÓRICO: FAZ O QUE DEVES FAZER)

.

               Se a revoluçón kantiana em teoría do conhecimento é decisiva para a evoluçón da filosofía futura, non é menos essencial a súa contribuiçón no campo da ética, exposta principalmente na Crítica da Razón Práctica e na Fundamentaçón da Metafísica dos Costumes.  Apontemos aquí o que desenvolveremos posteriormente:  Kant afasta-se das éticas baseadas numa interpretaçón da natureza humana, que determinam as máximas e os preceitos a partir do modo de entender a idiossincrasía da pessoa (por exemplo: o homem aspira à felicidade e para alcançá-la deve fazer isto e aquilo); evita também os princípios condicionais caracterizados pela persecuçón de um fím e a determinaçón dos meios para alcançá-lo (do xénero, se queres aprender física, matricula-te na universidade; se queres ser unha boa pessoa, trata os outros com respeito), aos quais chama imperativos hipotécticos.  A inovadora filosofía moral de Kant caracteriza-se pelo seu universalismo e pelo seu formalismo. Tem de ser unha ética válida e obrigatória para todos os seres racionais, em qualquer circunstância, e independente de qualquer condiçón (portanto, non pode basear-se em imperativos hipotécticos).  Non pode fundamentar-se em conteúdos particulares e parciais, do xénero dos Dez Mandamentos (non matarás, non roubarás), porque o carácter universal e incondicional que Kant desexa conferir à sua ética requer que o seu preceito sexa prévio a qualquer circunstância pessoal, social ou histórica, e autónomo em relaçón a qualquer ideoloxía e relixión.  Kant formula este preceito – ao qual chama imperativo categórico – de várias formas distintas, que se complementam e completam sem incorrerem em contradiçón.  A elas voltaremos mais tarde.  Basta por agora a sua forma mais clara:  “Age apenas segundo unha máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”.  Isto é. age de tal maneira que te sexa lícito e lexítimo desexar que todo o mundo axa do mesmo modo.  Isto equivale a axir por dever e essa é a essência do imperativo categórico e da ética kantiana.  É a ética que fundamenta os grandes princípios espirituais (a liberdade, a imortalidade, a existência de Deus) e non o contrário, como costumava suceder em quase todas as construçóns éticas.  Também na ética Kant introduz unha revoluçón copernicana.  Esta formulaçón sumamente formalista, racionalista e abstracta, sem conteúdo particular, que Kant terá de ilustrar com vários exemplos para que sexa entendida nas suas implicaçóns, recebeu várias críticas ao longo dos anos.  Mas mesmo os seus mais acérrimos adversários reconhecem-lhe grandes virtudes: o seu carácter universal (a sua vocaçón de ser válida e obrigatória para todos) e autónomo (independente de partidos relixiosos e ideolóxicos). Se na teoría do conhecimento Kant supera o racionalismo dogmático e o empirismo radical, na ética supera o relativismo, a ideia de que non há princípios obrigatórios para todos.

joan Solé