Arquivos diarios: 08/02/2018

UM FILÓSOFO PARA TODOS E PARA NINGUÉM (1)

.

Algunha vez nos queixámos de ser mal entendidos, pouco conhecidos, confundidos, difamados, pouco escutados e ignorados?  Eis precisamente a nossa sina… e por muito mais tempo ainda!  Digamos, para sermos modestos, até 1901.

(A Gaia Ciência)

               Friedrich Nietzsche é, certamente, o mais polémico dos filósofos.  Ninguém como ele é capaz de ganhar unha admiraçón tan apaixonada e, ao mesmo tempo, despertar tanta rexeiçón. Pode dizer-se, tomando emprestado o subtítulo de “Assim Falava Zaratustra, que é um filósofo “para todos e para ninguém.  No seu quase século e meio de história, as ideias nietzschianas (subversivas, reacionárias, elitistas, estecticistas, antissemitas, misóxinas, anarquistas, irracionalistas, emancipadoras…  para citar apenas alguns dos qualificativos que receberam) foram defendidas e atacadas a partir de posicionamentos muito diversos, muitas vezes contradictórios entre sí.  Semelhante disparidade na recepçón indica um pensamento fuxidio, como se partilhasse as raras qualidades de um animal que non se deixa capturar.  De que modo devemos, pois, aproximar-nos de Nietzsche?  Como podemos ler o crítico mais radical e impiedoso da filosofía, da ciência, da relixión e da moral, tal como as conhecemos? Com que actitude abordar um filósofo tan incómodo, que foi, além disso, um filólogo invulgar, um psicólogo subtil e, acima de tudo, um enorme escritor?  Seria um erro cair na tentaçón de abordar os seus livros com a intençón de tomar partido.  Para começar, é mais do que discutível a existência de um único lugar, canónico e privilexiado, a partir do qual alguém possa proclamar-se nietzschiano.  Polo menos, non com a mesma certeza com que podemos considerar que a nossa forma de pensar é platónica, kantiana ou marxista.  É o próprio Nietzsche quem nos convida a descartar a estratéxia de tomar partido quando afirma:  “Pelo contrário, unha dose de curiosidade, como a que nos desperta unha planta exótica, xuntamente a unha resistência irónica, parecer-me-ia unha posiçón incomparavelmente mais intelixente”.  E, no entanto, os anteriores conselhos son demasiado tímidos.  Encontramo-nos, sem dúvida, perante unha “planta exótica”.  Mas também perante um autor que reconhece filosofar “às marteladas”, alguém que, em certa ocasión, disse de sí mesmo: “Eu non son um home, eu son dinamita”.   Para Nietzsche, o conhecimento é unha operaçón perigosa da qual unha pessoa non sai incólumne.  Non  é um frio processo mental em que adquirimos informaçóns que aperfeiçoam a nossa visón do mundo e em que nos consolidamos (nos reconhecemos) na nossa condiçón de seres racionais.  Pelo contrário,  o autêntico conhecimento é baseado nunha experiência após a qual non voltamos a pensar nem a sentir da mesma forma.  O acto cognoscitivo que Nietzsche propón aproxima-se mais da fascinante vivência de submerxir-se nunha paisagem natural ou nunha obra de arte do que da aprendizaxem técnica ou científica.  Ao conhecer, sofremos um abanón que altera profundamente a nossa visón, como se se partissem para sempre os óculos com que, a nível individual e social, estamos acostumados a ver(-nos).  Nietzsche concede os seus livros como artefactos destinados, no seu conteúdo e na sua forma, a provocar esse tipo de conhecimento transformador.  Por isso, devemos enfrentá-los com a actitude de quem entra num laboratório, preparados para fazer experiências connosco mesmos.  O leitor deve adentrar-se na sua obra com unha mistura de curiosidade e ironía, sim, mas sobretudo partilhando com o autor unha determinada abertura de espírito, unha disposiçón para a aventura que lhe permita exclamar:  “Queremos ser as nossas próprias experiências e cobaias!”.

toni llácer