Arquivos diarios: 29/12/2017

TUDO É UM (48)

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               Schopenhauer identificou a inescrutável cousa-em-si com a muito experimentável vontade na essência mais íntima e irreductível do seu próprio ser:  desexo num corpo, logo existo.  Experimentou-o ou percebeu-o no seu sentido interno, de modo non conceptual-abstracto, mas ituitivo e directo.  Seguidamente, dá um salto ontolóxico e, por analoxía, concebe (agora no âmbito da representaçón) que esta mesma  e idêntica vontade, que é a sua essência, é também a essência de todos os seres humanos, que podem experimentar-se no seu foro interno como querer e que son um corpo material que desexa.  O filósofo capta a identidade profunda de todas as pessoas na sua essência metafísica encarnada nos corpos individuais; a vontade.  Se o primeiro círculo concêntrico do lago incluía o suxeito cognoscente, o segundo abarca os seus conxéneres.  O salto non se detém na concepçón da vontade como fundamento de todos os humanos; a analoxía estende-se a toda a realidade,  O pensamento fundamental (a descoberta de um buraco de verme que conduz à dimensón numénica da própria individualidade, ao outro lado do espelho, e nela descobre unha essência que é o querer,  a vontade) estende-se como chave interpretativa a todos os fenómenos do mundo.  Schopenhauer concebe a interioridade humana como um microcosmos da interioridade do universo, ou macrocosmos, e de todos os seus conteúdos particulares.  O “abre-te sésamo” universal que é a introspeçón intuitiva dá-nos acesso à identidade volitiva de tudo.  Non se trata apenas de humanos quererem, mas de, essencialmente, serem querer, vontade.  Também o son todos os animais, as plantas, o inorgânico, as forças elementares da natureza.  Tudo tem como essência, como cousa-em-si, a vontade, tudo é querer:  um can concreto, um lírio concreto, unha pedra, a força da gravidade, Vénus, a agulha da bússola que aponta o Norte, o pinheiro que resiste ás chicotadas do vento, o vento que chicoteia o pinheiro.  Tudo é vontade obxectiva enquanto manifestaçón percebida na representaçón, vontade metafísica enquanto força que desexa.  O universo é também, ao mesmo tempo, fenómeno percebido no plano sensível-empírico e cousa em si metafísica oculta para os sentidos:  Quando contemplamos o ímpeto poderoso e irresistível com que as águas se precipitam para as profundezas e o imán se volta unha e outra vez para o Polo Norte, a ânsia com que o ferro corre para o íman, a violência com que os polos eléctricos se atraem, e que, tal como os desexos humanos, se intensifica com os obstáculos;  quando vemos como o cristal se forma rápida e subitamente, com unhas linhas tan regulares que evidenciam claramente unha aspiraçón em diferentes direçóns, muito decidida, determinada, precisa, e dominada e retida pela solidificaçón;  quando percebemos a selecçón com que os corpos, postos em liberdade em estado líquido e arrancados aos laços da solidez, se procuran e se reúnem, se unem e se separam; (…) entón non nos custará grande esforço de imaxinaçón reconhecer, mesmo a tanta distância, a nossa própria assência, o mesmo que em nós persegue o seu fim à luz do conhecimento, mas que aquí, nos seus fenómenos mais débeis, só actua de forma cega, surda, unilateral e invariável.  (MVR1,140-141)

JOAN SOLÉ