¿PODERA-SE PASSAR PARA O OUTRO LADO DO ESPELHO?

.

               Os críticos de Schopenhauer detectam unha inconsistência grave na sua abordagem metafísica, concretamente no “milagre” de que o suxeito cognoscente e o suxeito conhecido sexam um só e o mesmo suxeito.  Assinalam que a percepçón intuitiva e imediata na introspeçón non deixa de ser representaçón de um fenómeno e que, deste modo, a pretensa grande descoberta da sua filosofia é errónea e fraudulenta.  Adaptando unha crítica que Schopenhauer faz á doutrina kantiana, seria como se um homem desexoso de ter unha aventura extraconxugal estivesse num baile de máscaras, seduzisse unha mulher e, quando esta retirasse a máscara, percebesse que é a sua esposa.  Non se pode saltar além da própria sombra.  Schopenhauer admite que, ao perceber num plano metafísico a vontade no nosso interior, permanecemos no plano da representaçón (no nosso lado do espelho), mas obtemos vislumbres, visóns parciais da natureza interna do mundo.  Os críticos non aceitam esta explicaçón e insistem que esta é a lacuna de todo o sistema, por onde entra água até fazer virar o barco.  Segundo eles, non saímos em nenhum instante da representaçón empírica (ainda que sexa interior) e, portanto, non podemos acceder ao plano metafísico.  Seríamos como Ulisses atado ao mastro do barco: ouvimos o canto das sereias que nos atrai irresistivelmente, quisemos precipitar-nos até ao ponto de orixém do canto, mas non conseguimos libertar-nos dos cabos que nos mantêm inmobilizados.  Estamos atados á percepçón empírica, à representaçón.

joan solé

Deixar un comentario