NON CONHECEMOS AS COUSAS COMO SON EM SI, MAS APENAS COMO NOS APARECEM (42)
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FENÓMENO, NÚMENO OU COUSA EM SI.
Podemos xá abordar a decisiva diferenciaçón que Kant enunciou entre fenómeno e cousa em si ou númeno. Foi decisiva a tal ponto que marcou grande parte da teoría do conhecimento depois dele. É fácil enunciar o sentido deste binómio: “non conhecemos as cousas como son em si, mas apenas como nos aparecem”. Fenómeno é tudo o que está na minha representaçón, tudo o que se rexista na minha consciência. A cousa em si é o mesmo que o fenómeno, mas fora da minha representaçón, como o lado oculto da Lua. Olho para unha cadeira e o que vexo é o fenómeno, a representaçón: Kant diz-nos que, além disso, existe ainda um númeno ou cousa em si, que é esta mesma cadeira, mas fora do fenómeno ou percepçón, enquanto autónoma e independente da consciência. O que pode ser o que está fora da minha representaçón? O que é a cousa em si? Kant teve unha intuiçón xenial, deixando um enigma opaco para os filósofos posteriores, mas non se preocupou demasiado em clarificar qual era o conteúdo concreto dessa cousa em si. Talvez tivesse suposto que, non sendo possível conhecer o númeno – xá que está fora das nossas representaçóns, que son os fenómenos -, o lóxico seria deixá-lo de lado como algo inalcançável. Schopenhauer ficaria fascinado pelo mistério da cousa em si, a qual, como iremos ver, seria determinante para iluminar a sua intuiçón decisiva. Deixou expresso num manuscripto: “A minha maior glôria acontecerá quando se diga de mim que resolvi o enigma proposto por Kant.” Kant dá ao fenómeno um tratamento simplesmente descriptivo (fenómeno é a forma como as coisas se mostram ou aparecem, o que, naturalmente, é coherente com a etimoloxía da palabra grega, “aparência”, “manifestaçón”); em Schopenhauer, o fenómeno adquire um valor negativo; é o aparente enganador. O binómio fenómeno-númeno aplica-se ao ser humano além de ao mundo físico exterior, e á filosofia moral, além de ao mundo sensível. Cada pessoa tem, para si mesma e para os outros, unha dupla dimensón ou habita em duas dimensóns: unha fenoménica e outra numénica. Enquanto corpos, pertencemos ao mundo natural rexido por unha ferrea lei da causalidade e tudo é causa e consequência de algo; non existe a liberdade. Enquanto seres dotados de interioridade espiritual, estamos num mundo numénico (incognoscível para nós próprios), livre dessas correntes causais fenoménicas. Há, pois, um suxeito intelixível e um suxeito empírico. Schopenhauer parte da visón fundamental de Kant, do ser humano dividido entre dous reinos, como ser fenoménico e como ser numénico, eliminando por completo do segundo a componente relixiosa, tan essencial em Kant; como reza o título do capítulo seguinte, a metafísica de Schopenhauer é unha metafísica sem céu.
joan solé
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