Arquivos diarios: 14/12/2017

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (7)

CARBALHASIMG_1797

                Blasfémia.  O dia vinte de Maio de 1904 a minha nái foi á Cañiza, ainda que non andava bem, o vintidous eu fun ós ninhos e á tarde fun á festa a Cumiar, de noite a minha nái berregou comigo porque non fun botar a toura, polo que me fun deitar sem ceia, e por vinte minutos estivem chorando amargamente, tendo ó mesmo tempo pensamentos mortuários, nobres e amorosos.  Nesse dia a minha nái tinha unha veiga sem cabar, e como andava disgustado non quixem fazer a comida e dixem blasfémias contra Dios oito vezes, e outras tantas contra o demónio, etc…  O dous de Março 1904 fun a Trancoso pedir trabalho e dixerom-me que era cedo, o segundo dia fun ós montes de Cumiar e encontrei várias raparigas que me enrredaron até ás dez e meia.  Sonho –  O primeiro de Xunho de 1904, sonhei com um Abade que estava no meio d’unha Igrexa de maneira entreposta; o cinco de Xunho atopava-me com unha desconsolaçón, sentia no corazón unha pesadume unha tristeza e afliçón enorme que me parecia que as entranhas se me derretian como que destilaban agua fervendo que non podia parar; neste dia fun á festa do Corpus a Oliveira, ningunha rapariga quixo bailar comigo, excepto unha de Celeiros que vem de mala gana e ainda pra mais era velha.  Recordo de Peinador.  O sete de Xunho pola manhan fun a Trancoso pedir trabalho, e mandaron-me desfazer caixas para aproveitar as tábuas que serviram, non tendo quedado contente com este trabalho e despois de acabar o monton de caixas, passei (…) como non encontraba pousada vinha dormir a casa muitas vezes, ó chegar á casa encontraba água no pote, cinza nas cuncas, barro no forno e a artesa livre; mas nestes tempos como habia um cabrito e tinha cabras habia no louceiro unha cunca que parecia ter 40 dl e um xarro velho com leite e unha colher velha;  saia d’alá ás oito da noite, e chegaba ás once; tinha que sair ás três para estar ás cinco da manhán, mas tomei pousada permanecendo nela vinte dias, despois vinha á casa, mas faltava dias.  No dia doze de Xunho  vinhem á casa, estava unha escuridade horrenda, eu vinha moribundo cheio de fame.  Despedida de Peinador.  O sete de Septembro de 1904 saín de Peinador por minha vontade, tinha dormido várias vezes sobre a caldeira de Peinador, e unha vez dormin no meio daqueles vales e milhos.  O dezoito (…) fun cobrar o resto e se queria admitiam-me, cheguei a casa, a minha nái tinha feito um cabazo de sidra, comim unhas sopas e ó momento assaltou-me unha dor de cabeza, catarro, voz ronquenha e fun-me deitar.  Ah…  Ah…  como que queria imitar palabras mas non era capaz de falar, dunha maneira que dava medo, e era el demónio que falava por ela, fun xunto dela com unha luz acesa e logo começou a falar, e non vim nada, logo que apaguei a luz, deixou-se sentir unha cousa á que eu puxem interxeiçón – Cháááááá!  chá?, chá, chá,  repetida tantas vezes como as tenha a dita interxeiçón, isto cantaba xunto de nós, outras vezes cantaba mesmo ó ouvido, tendo o ouvido deitado sobre a almofada, fora da casa deixou-se sentir por duas ou três vezes unha voz assombrosa algo grossa como a voz dum papagaio pronunciando algunhas frases, mas só pola metade da palabra así   Que hac, en dé, que hacs. –  eu restreguei-me com um alho, logo o dito Spírito vem xunto de mim; eu queria-me levantar e o Spírito non me deixava que me tronzava a forza, eu enseguida enchendo-me de alento, e fazendo um esforzo, e largando um suspiro xunto com um hag!, dixem – ¡Xesus!  e o Spírito deixou-me mas de forma que non puidem ir trabalhar no dia seguinte; ás três da manhan peguei nun sono profundo, dormindo até ás dez, despertei non Católico, senon desfigurado, assustado, fraco de forças, sem ganas de falar, etc…  e así esquecin Peinador, etc…

manuel calviño souto