FRANKFURT (32)
.
Em 1831, houve unha epidemia de cólera em Berlim. Unha das vidas ceifadas pela epidemia foi a de Hegel, e o filósofo de quarenta e cinco anos non quixo correr o mesmo risco. Depois de algunhas hesitaçóns e de ter viaxado muito durante a última década e meia, Schopenhauer decidiu fixar-se em Frankfurt am Main, cidade que escolheu pelo clima, pela fama dos seus médicos e pela seductora programaçón de peças de teatro, óperas e concertos. Viveria em Frankfurt durante os vinte e sete anos seguintes, até á sua morte em 1860. Neste quarto de século final, fez como o seu admirado Kant, estabelecendo um ríxido plano de hábitos que repetia, sem falha, dia após dia, mês após mês, ano após ano. No essencial, eram os mesmos hábitos que adquirira na sua fase de estudante em Gotinga. Instalado, primeiro, em duas divisóns e, depois, em todo o rés-do-chan de unha casa, levantava-se ás sete, tomava um banho frio e, tendo como pequeno-almoço non mais do que unha chávena de café forte, punha-se a escrever até ao meio-dia. Depois, abandonava a tarefa do dia e dedicava-se a tocar flauta, durante unha hora, instrumento que nunca deixou desde a lonxínqua época em que o pai lhe deu permissón para comprar unha de marfim em Le Havre; normalmente, interpretava algunha peça de Rossini adaptada só para flauta. A seguir, ia almoçar a um restaurante elegante, sempre o mesmo: o do hotel Englischer Hof. Voltava a casa e ali ficava até ás quatro, hora a que saía para um passeio diário de duas horas, fizesse o tempo que fizesse, acompanhado do seu proverbial can de água. Ás seis, ia á biblioteca para ler o Times (um hábito herdado do pai) e depois assistia a alguma peça de teatro ou a um concerto, até que a gradual surdez lhe estragou estes prazeres e teve de prescindir deles. Xantava num restaurante ou num hotel e, se non entabulasse unha discussón que lhe interessasse, voltava para casa, entre as nove e as dez, para se deitar cedo; caso se envolvesse em alguma conversa, podia falar longa e continuadamente, com engenho e erudicçón, até altas horas. Na cama, antes de dormir, lia unhas páxinas do “Oupnek’hat, que lhe lembrava que tudo é uno antes de desaparecer num pequeno sonho dentro do grande sonho da vida. Schopenhauer manteve unha intensa actividade intelectual até ao seu último dia de vida. Além disso, em Frankfurt, recuperou a criatividade que tinha ficado um pouco esquecida na fase final da etapa berlinense (entenda-se por esta etapa non só os anos que viveu na capital prussiana, mas todo o tempo que levou até cortar por completo o vínculo com a universidade e com a amante).
joan solé
Esta entrada foi publicada en
Uncategorized.
Ligazón permanente.