SIMONE DE BEAUVOIR (VII)
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Mençao especial merece Simone de Beauvoir. Também colega de Sartre na École, iniciaram uma relaçao que duraria até á morte do filósofo, embora acordada uma liberdade afectiva que nunca foi interrompida. A diferença entre o que consideravam “amores contingentes” – aventuras sentimentais e sexuais – e o “amor verdadeiro” – que era o deles – marca a sua existência. Beauvoir é uma excelente romancista – aí estao, por exemplo, A Convidada (1943) ou Os Mandarins (1954), galardoado com o prestigiado Prémio Goncourt – e uma filósofa inesquecível, basta lembrar Por uma Moral da Ambiguidade. Mas non seria possível reconstruir a França da segunda metade do século XX sem ter em conta a sua faceta memorialista: a leitura dos quatro volumes da sua autobiografia – e do quinto, se consideramos como tal A Cerimónia do Adeus – é empolgante. Dito isto, é preciso destacar que, sem dúvida, a autora será sempre reconhecida pelo forte cataclismo que a publicaçao de “O Segundo Sexo” (1949) provocou: a mulher nao nasce, mas sim faz-se – é esta a tese central da voluminosa obra. Beauvoir levou a cabo um exercício extremo de erudiçao e reflexao para mostrar a que ponto sao as condiçoes culturais, religiosas, sociais, domésticas que configuram uma imagem da mulher como ser submisso, vulnerável e despersonalizado. A partir dessa consideraçao reivindica a constituiçao de uma nova feminidade. Todo o movimento feminista, que explode nos anos 60, é devedor das análises de “O Segundo Sexo”, próximo do seu posicionamento crítico para com o mesmo, a verdade é que Beauvoir é a referência essencial nesta história tempestuosa.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
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