Arquivos diarios: 26/05/2017

SIMONE DE BEAUVOIR (VII)

.

               Mençao especial merece Simone de Beauvoir.  Também colega de Sartre na École, iniciaram uma relaçao que duraria até á morte do filósofo, embora acordada uma liberdade afectiva que nunca foi interrompida.  A diferença entre o que consideravam “amores contingentes” – aventuras sentimentais e sexuais – e o “amor verdadeiro” – que era o deles – marca a sua existência.  Beauvoir é uma excelente romancista – aí estao, por exemplo,  A Convidada (1943) ou Os Mandarins (1954), galardoado com o prestigiado Prémio Goncourt – e uma filósofa inesquecível, basta lembrar Por uma Moral da Ambiguidade.  Mas non seria possível reconstruir a França da segunda metade do século XX sem ter em conta a sua faceta memorialista: a leitura dos quatro volumes da sua autobiografia – e do quinto, se consideramos como tal A Cerimónia do Adeus – é empolgante.  Dito isto, é preciso destacar que, sem dúvida, a autora será sempre reconhecida pelo forte cataclismo que a publicaçao de “O Segundo Sexo” (1949) provocou:  a mulher nao nasce, mas sim faz-se – é esta a tese central da voluminosa obra.  Beauvoir levou a cabo um exercício extremo de erudiçao e reflexao para mostrar a que ponto sao as condiçoes culturais, religiosas, sociais, domésticas que configuram uma imagem da mulher como ser submisso, vulnerável e despersonalizado.  A partir dessa consideraçao reivindica a constituiçao de uma nova feminidade.  Todo o movimento feminista, que explode nos anos 60, é devedor das análises de “O Segundo Sexo”, próximo do seu posicionamento crítico para com o mesmo, a verdade é que Beauvoir é a referência essencial nesta história tempestuosa.

 

J. L. RODRIGUEZ GARCIA

NON HAI DISTANCIA

.

Non hai distancia

entre o fume e as columnas

porque non vexo diferencia

esencial entre a néboa

e a redondez pulida das columnas.

As tatuaxes (filigranas

apuradamente alcoólicas)

desta tripulación noctámbula

que me acompaña no mar

das botellas apiladas (a escuma

da onda son copas invertidas baixo luz)

veñen  dicirme

que no mármore hai naturalmente

petroglifos trazados

pola man cóncava da lúa.

Un whisqui tende a ponte circular

da comuñón, que é un plaxio

oculto, sen publicar,

acaso unha canción moi compartida,

acaso unha cita.

A comuñon: ese plaxio

porque cadaquén é outros:

eu non son soamente eu

porque a amizade

ergue o vaso ás alturas dos ollos.

 

francisco candeira