.
Mençao especial merece Simone de Beauvoir. Também colega de Sartre na École, iniciaram uma relaçao que duraria até á morte do filósofo, embora acordada uma liberdade afectiva que nunca foi interrompida. A diferença entre o que consideravam “amores contingentes” – aventuras sentimentais e sexuais – e o “amor verdadeiro” – que era o deles – marca a sua existência. Beauvoir é uma excelente romancista – aí estao, por exemplo, A Convidada (1943) ou Os Mandarins (1954), galardoado com o prestigiado Prémio Goncourt – e uma filósofa inesquecível, basta lembrar Por uma Moral da Ambiguidade. Mas non seria possível reconstruir a França da segunda metade do século XX sem ter em conta a sua faceta memorialista: a leitura dos quatro volumes da sua autobiografia – e do quinto, se consideramos como tal A Cerimónia do Adeus – é empolgante. Dito isto, é preciso destacar que, sem dúvida, a autora será sempre reconhecida pelo forte cataclismo que a publicaçao de “O Segundo Sexo” (1949) provocou: a mulher nao nasce, mas sim faz-se – é esta a tese central da voluminosa obra. Beauvoir levou a cabo um exercício extremo de erudiçao e reflexao para mostrar a que ponto sao as condiçoes culturais, religiosas, sociais, domésticas que configuram uma imagem da mulher como ser submisso, vulnerável e despersonalizado. A partir dessa consideraçao reivindica a constituiçao de uma nova feminidade. Todo o movimento feminista, que explode nos anos 60, é devedor das análises de “O Segundo Sexo”, próximo do seu posicionamento crítico para com o mesmo, a verdade é que Beauvoir é a referência essencial nesta história tempestuosa.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
.
Non hai distancia
entre o fume e as columnas
porque non vexo diferencia
esencial entre a néboa
e a redondez pulida das columnas.
As tatuaxes (filigranas
apuradamente alcoólicas)
desta tripulación noctámbula
que me acompaña no mar
das botellas apiladas (a escuma
da onda son copas invertidas baixo luz)
veñen dicirme
que no mármore hai naturalmente
petroglifos trazados
pola man cóncava da lúa.
Un whisqui tende a ponte circular
da comuñón, que é un plaxio
oculto, sen publicar,
acaso unha canción moi compartida,
acaso unha cita.
A comuñon: ese plaxio
porque cadaquén é outros:
eu non son soamente eu
porque a amizade
ergue o vaso ás alturas dos ollos.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized