Categorías
Arquivo
- Agricultura Alimentación Anonymous Arquitectura Astronomía Blogs para curiosear Bos desexos Cerebro Cine Darío e Breixo Economía Educación Frutais Futuro Historia Humor Indignados Libros Lingua Literatura Medios de comunicación Monte Comunal Natureza Poesía Política Procomún Publicidade Sidra Socioloxía Software libre Tradicións Viaxes Xadrez
Os nosos blogs
Arquivos mensuais: Maio 2017
ADAÍL DE GRACIAS E OBSCURIDADES
Adaíl de gracias e obscuridades
sucumbo
á memoria, á luz e ao misterio.
Unha estocada
no touro-diccionario (detido-case morto)
levanta unha estrela negra
de metal
e renazo con alborozo
para a festa
que confunde as cores.
Sería posíbel que a xuntanza
da xeometria – e a inherente proximidade-
me induciran
a olvidar todas as diversas cores
-ténues, leves porque recordadas á distancia
da visión-
non fose porque unha soa estrela
non pode reter entre as súas puntas
toda a diversa cor dun círculo
e o home selecciona -cousas, almas-
porque confunde ou olvida, ou algo lle foxe.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
INFLUÊNCIA DE HEIDEGGER
A denominaçao do “existencialismo” parece mais complicada, já que o termo se converteu numa miscelânea em que se incluem filósofos, poetas, e romancistas. Sem dúvida, entre Heidegger e Jaspers, por exemplo, há tanta distância como entre Sartre e Camus. Centramo-nos no existencialismo de Sartre, a partir da sua explicaçao em “A Propósito do Existencialismo”, onde estabelece que: O existencialismo defende (…) que no homem (…) “a existência precede a essência” que, no mesmo sentido, “o homem deve criar a sua própria essència”, e “define o homem pela acçao”, e, para terminar, deve entender-se que “o existencialismo nao se apraz com o que é sombrio, que é antes uma filosofia humanista da acçao, do esforço, do combate, da solidariedade”. (…) De repente, o mundo parece explodir. A Alemanha hitleriana estivera a olear a sua maquina bélica. A França entra em conflito armado com a naçao vizinha: profere-se a ordem de mobilizaçao geral a 2 de setembro de 1999. Sartre é destinado a um campo de previsoes meteorológicas. Começa o que em França se conhece como “drôle de guerre” (o que significa mais ou menos guerra tola, inútil). Mas nao é inútil para Sartre, que, de braços cruzados practicamente todo o dia, dedica o seu tempo a ler e escrever. Meses mais tarde, fatidicamente no dia em que faz 35 anos, é detido pelos invasores alemaes e transferido, pouco tempo depois, para o campo de concentraçao de Tréves, onde permanece até março de 1941. Quando é libertado regressa a Paris. É nos anos seguintes que entra em contacto com Heidegger, a segunda grande influência presente na sua filosofia. O filósofo alemao publicou em 1927 a sua obra-prima, “Ser e Tempo”. O que propoe Heidegger? Ou, por outras palavras, quais sao os aspectos da obra citada que chamam a atençao de Sartre, já que ele próprio as inclui de forma mais ou menos clara na sua própria matriz filosófica, e que se podem identificar sem muita dificuldade seguindo os apontamentos reunidos nos chamados “Diários de Uma Guerra Estranha”, a primeira parte dos “Cadernos de Guerra”? Para responder satisfactoriamente á pergunta precisamos de ter em conta varias questoes. Em primeiro lugar, parece inevitável destacar o método que vai reivindicar Heidegger para o análise daquilo que considera objecto fundamental da filosofia. (…) um retorno á análise das “próprias coisas” (…) partir de zero para restaurar a importância da filosofia, destronando as crenças estabelecidas. (…) Mas qual é o objecto fundamental da filosofia? Esta é a segunda questao; perguntar o que é o ser e acima de tudo, perguntar-se pela natureza do que está ali, em frente dos nossos olhos. (…) que o primeiro aspecto relevante é compreender que a existência precede a essência, ou seja que esvaciada a consciência, esta começa a ser alguma coisa quando se interroga sobre a essência do mundo, das coisas. Entao o que começa a consciência vazia a descobrir?
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
A SEPARACIÓN – QUE BEN PODE SER PARTÍCULAS
A separación – que ben pode ser partículas
de pole dunha mesma flor –
deriva de visións dispares
ou descoñecidas entre si.
O punto de comunicación
depende da coincidencia de retencións.
A memoria pode ser insolidaria
e, logo, o diálogo imposíbel
ou estéril (a felicidade mentira,
a guerra adulterada).
E aínda sendo a memoria
compartida, pode suceder
a insatisfacción ou o matiz
diferente: insuficiencia
onde dous puxan por distintos
extremos dunha nube para desvelar
a luz do acibeche
ou o movemento infixável
dos átomos, punto
de discordia e relatividade,
cosido dos deuses,
olvido sabio dos homes,
imprevisibilidade suposta e sorprendente.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
HUSSERL E A FENOMENOLOGIA
A infância termina. Em 1915, entra no Liceu Henri IV, em Paris. Aí conhece Paul Nizan, de quem falaremos mais á frente. Anne-Marie e o jovem Sartre mudam-se para La Rochelle em 1918 por motivos que têm a ver com o segundo casamento da “irma mais velha”. Sartre tem notas excepcionais: o pequeno génio de Charles Schweitzer começa a deslumbrar – Regressa a Paris e entra na École Normale Supérieure. O ano de 1924 é impressionante: Sartre, Beauvoir, Hyppolite, Aron, Nizan, Lagache… E anos mais tarde, em 1929, realiza-se a prova de agregaçao (necessária para acceder á condiçao de professor): Sartre fica em primeiro lugar, seguido de Beauvoir, Hyppolite consegue o quarto e Nizan o quinto lugar. Pouco tempo depois, Sartre abandona Paris e ruma ao liçeu de Le Havre, onde dará aulas. A verdade é que, como o próprio Sartre reconhecerá. tivera a imensa sorte de ler durante aqueles anos uma obra de Bergson – “Ensaio sobre os Dados Imediatos da Consciência – que lhe abriu expectativas nas suas análises dos processos de conhecimento e assimilaçao do real, que no entanto serao envolvidas na influente maré da filosofia husserliana. Referimos Husserl entende-se por fenomenologia uma das correntes filosóficas mais importantes do século XX, e também os irracionalismos que se lhe tinham oposto. Husserl tentou transformar a filosofia numa ciência rigorosa, para o que considerava necessário ir “ás próprias coisas”, tal como aparecem na consciência… como o que é imediatamente dado, na sua essência ou conteúdo ideal. Para esse fim, criou um método de descripçao que eliminava qualquer pressuposto interpretativo. Husserl, á época, já iniciara a seu honroso exílio académico, expulso de Friburgo pelas autoridades nacional-socialistas devido ás suas raízes judaicas. O seu alumno mais próximo, Martin Heidegger, nao parece alheio ao estratagema para penalizar o seu professor, a quem dedicara “Ser e Tempo”. Husserl desenvolvera uma importante obra filosófica durante as duas primeiras décadas do século. As suas “Investigaçoes Lógicas” e as posteriores “Ideias”, publicadas em 1900 – 1901 e 1913, respectivamente, marcaram com toda a certeza os primeiros eixos da aventura filosófica sartriana. As obras citadas já incluem o fundamental da “fenomenologia” como projecto filosófico.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
O HOME NON RECORDA, NON TEN MEMORIA
.
O Home non recorda, non ten memoria
e se a memoria en algo permanece
cae na perdición do real
porque transforma o recordado,
crea algo diferente. É libre
porque comete traición
ou vive porque renova o erro,
abella afogada en mel,
bolboreta que morre aos dous días,
abella que pousou fugazmente
en catro flores e caíu
por aguillonear un corpo.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
SIMONE DE BEAUVOIR (VII)
Mençao especial merece Simone de Beauvoir. Também colega de Sartre na École, iniciaram uma relaçao que duraria até á morte do filósofo, embora acordada uma liberdade afectiva que nunca foi interrompida. A diferença entre o que consideravam “amores contingentes” – aventuras sentimentais e sexuais – e o “amor verdadeiro” – que era o deles – marca a sua existência. Beauvoir é uma excelente romancista – aí estao, por exemplo, A Convidada (1943) ou Os Mandarins (1954), galardoado com o prestigiado Prémio Goncourt – e uma filósofa inesquecível, basta lembrar Por uma Moral da Ambiguidade. Mas non seria possível reconstruir a França da segunda metade do século XX sem ter em conta a sua faceta memorialista: a leitura dos quatro volumes da sua autobiografia – e do quinto, se consideramos como tal A Cerimónia do Adeus – é empolgante. Dito isto, é preciso destacar que, sem dúvida, a autora será sempre reconhecida pelo forte cataclismo que a publicaçao de “O Segundo Sexo” (1949) provocou: a mulher nao nasce, mas sim faz-se – é esta a tese central da voluminosa obra. Beauvoir levou a cabo um exercício extremo de erudiçao e reflexao para mostrar a que ponto sao as condiçoes culturais, religiosas, sociais, domésticas que configuram uma imagem da mulher como ser submisso, vulnerável e despersonalizado. A partir dessa consideraçao reivindica a constituiçao de uma nova feminidade. Todo o movimento feminista, que explode nos anos 60, é devedor das análises de “O Segundo Sexo”, próximo do seu posicionamento crítico para com o mesmo, a verdade é que Beauvoir é a referência essencial nesta história tempestuosa.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
NON HAI DISTANCIA
Non hai distancia
entre o fume e as columnas
porque non vexo diferencia
esencial entre a néboa
e a redondez pulida das columnas.
As tatuaxes (filigranas
apuradamente alcoólicas)
desta tripulación noctámbula
que me acompaña no mar
das botellas apiladas (a escuma
da onda son copas invertidas baixo luz)
veñen dicirme
que no mármore hai naturalmente
petroglifos trazados
pola man cóncava da lúa.
Un whisqui tende a ponte circular
da comuñón, que é un plaxio
oculto, sen publicar,
acaso unha canción moi compartida,
acaso unha cita.
A comuñon: ese plaxio
porque cadaquén é outros:
eu non son soamente eu
porque a amizade
ergue o vaso ás alturas dos ollos.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
JEAN-PAUL SARTRE (VI)
Em “As Palavras”, Sartre é categórico e cruel: Jean-Baptiste “apoderou-se desta rapariguinha desamparada, casou com ela, fez-lhe um filho rapidamente, eu, e tentou regugiar-se na morte”. Algumas páginas á frente reconhecerá que a morte do pai “foi o grande acontecimento da sua vida”. Porquê o grande acontecimento da sua vida? Sartre responderia imediatamente a seguir a esta sentença desapiedada: Como manda a regra, nenhum pai é bom; nao nos queixemos dos homens, mas do laço de paternidade, que está podre. (…) Se tivesse vivido, o meu pai teria caído em cima de mim com todo o seu peso e ter-me-ia esmagado. (…) Foi bom ou mau? Nao sei, mas aceito com gosto o veredicto de um eminente psicanalista: nao tenho “Superego”. A referência é fundamental porque marca o alcance da liberdade na filosofia sartriana. De facto, refere-se a viver e agir á margem das imposiçoes familiares e sociais, nessa atmosfera de liberdade absoluta que pouco depois encontraria nas páginas de Nietzsche, que encarnarao as suas personagens literárias e na qual procurará uma âncora filosófica nas obras editadas a partir da década de 40. Solitário, fechado na parisiense casa da rue Le Goff, do avô materno, o menino Sartre crescerá entre livros, silêncios e os absorventes cuidados de Anne-Marie, mae excessivamente protectora, a quem o menino nao reconhece como mae, mas como uma “irma mais velha”. Um dia – tinha sete anos – o meu avô nao aguentou mais: deu-me a mao e disse-me que íamos passear. Mas mal dobrámos a esquina meteu-me no barbeiro e disse-me: “Vamos fazer uma surpresa á tua mae.” Eu adorava surpresas. (…) Em suma, vi com agrado os meus caracóis caírem ao longo da toalha branca que tinha á volta do pescoço e chegarem ao chao, inexplicavelmente sem brilho; voltei com o cabelo gloriosamente rapado. É fácil imaginar o desgosto da mae. A aceitaçao do pequeno de cabelo rapado implica uma dura mas inevitável liçao. (…) A vivência da “fealdade” nao é apenas a descoberta de uma deficiência física: será interiorizada por Sartre como marca da individualidade humana, cuja existência estará marcada pela irreductibilidade em relaçao ao outro, pela consideraçao de que nao existe cópia do “Eu”, já que toda a existência tem uma peculiaridade extrema. Como veremos mais á frente, esta ideia deverá ser reformada ou parcialmente corrigida em busca de uma semelhança que permita a conformaçao colectiva e, consequentemente, a práxis política. (…) Há um terceiro acontecimento infantil de interresse biográfico. O menino Sartre, isolado e introvertido, rodeado de livros, pó e murmúrios, encontra um feliz ensimesmamento na leitura. “Comecei a minha vida como, sem dúvida a acabarei: no meio dos livros”, recorda e promete. De facto, assim será. E atençao a este belíssimo fragmento: Nunca esgaravatei a terra nem procurei ninhos, nao fiz ervários nem atirei pedras aos pássaros, mas os livros foram os meus pássaros e os meus ninhos, os meus animais de estimaçao, o meu estábulo e o meu campo; a biblioteca era o mundo preso num espelho; tinha a espessura infinita, a variedade, a imprevisibilidade.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
HAI UN NENO QUE XOGA NUN XARDÍN NOCTURNO
Á noite os balouzos son brazos
e os escorregas pernas deslizantes
por onde o neno se fuga,
ese neno que respira como unha árbore
movente máis…
Ese neno fun eu porque nunca morrín
nun ar estranxeiro.
Ese neno nunca fun eu porque brilla
na mirada das estrelas
e no monear das flores.
Ese neno é como os outros nenos
porque sabe da alegría
e do bris
e nunca lembra chaves
e só recoñece a memoria
nunha moeda achada
nun xardín de xogos
na mendiga noite.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
A REVOLUÇAO RUSSA (V)
Aferrar-se ao pessimismo? Sartre nao o fará, certamente. E se nao o faz é devido ás causas do terceiro abalo que agitará o século XX, e de cujo espectro nao se poderá libertar. Trata-se da Revoluçao Russa. Passarao uns meses sobre o levantamento de fevereiro de 1917 até que Lenine entusiasme os minoritários bolcheviques e articule o poder dos sovietes, preparando tudo para o levantamento de novembro. Este levantamento nao só afasta a Rússia da disputa mundial, como estabelece uma forma de poder absolutamente estranha aos modelos políticos estabelecidos. É difícil imaginar a estupefaçao que a revoluçao semeia entre as elites dirigentes e o assombro que provoca entre filósofos, homens de letras e intelectuais em geral. Nao existe figura representativa da década de 20 que nao se sinta fascinada pelo sucedido. E quem equacionava alguma rejeiçao espera astutamente que o temporal amaine. E Sartre, o que acha? É preciso referir duas coisas. Por um lado, contempla com certo distanciamento aquilo que acontece, embora manifeste uma íntima satisfaçao, como relata Beauvoir em “A Força da Idade”, obra em que evoca esta lembrança: O mundo estava em movimento, Sartre perguntava-se com frequência se nao nos devíamos ter solidarizado com os que trabalhavam para aquela revoluçao. (…) Mais de uma vez durante esses anos Sartre sentiu-se vagamente tentado a filiar-se no Partido Comunista; as suas ideias, os seus projectos, o seu temperamento, opunhan-se. Mas embora gostasse tanto da independência como eu, tinha muito mais sentido das suas responsabilidades. É evidente que a autora se refere ao efeito europeu, e especialmente françês, que tentava replicar o sentido da Revoluçao Russa no seu próprio território. Mas a confissao refere uma segunda questao, que diz respeito a Sartre ter começado a simpatizar com a filosofia que inspirou as conquistas de novembro de 1917, ou seja, o marxismo, que já iniciou o desenvolvimento fundamental que o transformará numa proposta filosófica omnipresente ao longo do século XX. (…) O século XX avança. Sartre assume o seu papel de testemunha e activista. Neste complexo contexto social e histórico, é preciso situar a aventura de quem, extremadamente atento aos acontecimentos que afectam a sociedade, nao para de intervir e de fundamentar a sua intervençao numa impressionante proeza intelectual.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
ONDINAS (HEINE)
Xa ouvistes as falas das mulleres
no mercado
e os berros dos homes nun xogo de balón
e o comentario dos rapaces
á saida do cine
mais ningún sonido hai máis fermoso
que as voces da xente na praia:
falan, gritan, xogan entre as ondas
e toda palabra semella moi lonxana
e allea a eles mesmos.
Como se un grito deviñera peixe
e che entrara polo ombro
che baixara ao brazo
deica á man
e se fugara
mar adiante
e só gañaras
un brillo
na gorxa e nos ollos
mentres mergullas
e despois pensas
que noutra praia
solitaria só quedara
un home
tendido, vencido, ferido,
coa súa armadura prateada
inmune á soidade
porque tres ou catro ondas
o socorren
e unha onda lle di ao oído á outra onda
(á que está máis cerca del, á que el máis quere).
dille que queres falar con el, dille.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
TRISTAN TZARA E O DADAÍSMO
A partir de Zurique, Tristan Tzara começa a perturbar o tranquilo ambiente cultural da Primeira Guerra Mundial, com a fundaçao do movimento dadaista. Pouco depois do fim da guerra muda-se para Paris, onde é recebido com solemnidade pelos surrealistas. A leitura dos seus “Sete Manifestos Dadá” torna evidente a sua vocaçao crítica e extremista. O Manifesto Dadaísta de 1918 termina com uma secçao intitulada “Nojo Dadaísta” que é esclarecedora: “Todo o producto do nojo suscetível de se converter numa negaçao da família é DADÁ; (…) aboliçao de toda a hierarquia e equaçao social instalada para os valores dos nossos lacaios é DADÁ; (…) Aboliçao da memória é DADÁ. (…) Tzara entra para a resistência antinazi. Em 1947, filia-se no Partido Comunista Francês, de que se afastará devido á invasao da Hungria pelas forças do Pacto de Varsóvia. Deve chamar-se a atençao para o facto de o dadaísmo ter, desde o início, uma clara vocaçao política. Também em Tzara, mas sobretudo na sua vertente alema, em que artistas como John Heartfield, Richard Hulsenbeck ou George Grosz oferecem uma arte com uma clara motivaçao política, ao ponto de o dadaísmo aleman apoiar com entusiasmo o levantamento espartaquista liderado por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
Publicado en Uncategorized
ESTA HORA DA TARDE
ofréceme contemplar tres formigas
a evadirse prudentemente
da súa columna, que sobe e baixa
o valadiño en que estou sentado.
No chan camiñan as tres ínfimas formigas.
Móvense, sinuosas, entre o sol e a sombra,
pois un arbusto reflecte as súas follas
na grava ennegrecida
onde apoio os meus pés.
Mais un bris desloca e confunde e mistura,
presuroso, os espazos de sol e os espazos
de sombra. E así, onde antes era o sol,
agora é a sombra,
e onde hai un intre era a sombra, agora é o sol.
E as formigas reciben o sol e a sombra,
ou pasan, cando amaina, do sol para a sombra
e da sombra para o sol.
(Unha ponta de cigarro, coa cinza
moi visíbel, é algo tremendamente grande
para a vista, case unha torre derrotada).
Tras contemplar as tres diminutas formigas
e a columna toda que se dispón
(ondulante) enteiramente na sombra,
atravesando o valadiño,
podo pensar que estas tres formiguiñas
andan a xogar co sol e coa sombra,
xa recordando o sol, xa recordando a sombra,
e coa sombra no sol e o sol na sombra –
axudadas polas follas e o bris.
E tal como o sol entra no inverno
ou como as tebras poden sorprender o verán,
eu podo pensar que hai un movimento lúcido
que demuda a vida (en alegría, asombro, fermosa sorpresa)
se, transmutándose, se sublevan corazón e pensamento.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized
JEAN-PAUL SARTRE (III)
.
Naturalmente, por ser muito jovem em 1914, Sartre nao participou no conflito. Porém, sofreu as consequências de forma indirecta, visto que a Alsácia era a pátria dos seus antepassados- (…) Arrancada á Alemanha e anexada á geografia francesa, facilitou a mudança da família materna de Sartre para Paris. Mas sobre tudo a referência indirecta da guerra, que se transformará em objecto de reflexao para filósofos e homens de letras, semeou duas vivências em Sartre que o acompanharam muitos anos: por um lado, um pessimismo profundo quanto á possibilidade do progresso e do encontro colectivo, e, por outro, um nao menor pessimismo quanto á possível bondade do homem. Isto é visível nos seus primeiros textos narrativos – A Náusea ou O Muro- e, sem dúvida, nas suas obras teatrais. E esse estado de espírito encontrará traduçao filosófica em “O ser e o Nada”, o tratado em que a reivindicaçao da liberdade absoluta conduz á defesa de uma moral individualista e sem solidariedade, e isto apesar de, naquela altura, Sartre já ter iniciado o seu caminho rumo a uma politizaçao antiburguesa e pró-socialista. Desta forma, Sartre associava-se ao horizonte crítico com o poder social e político estabelecido. A visao sombria e angustiante da situaçao nao foi, nem de longe, exclusiva de Sartre. O tema abunda na literatura da época. As consideraçoes sobre os acontecimentos de 1914 a 1918 eram de uma acidez extraordinária. Podemos e devemos relembrar, por exemplo, Tristan Tzara, que inspirou em grande medida o projecto surrealista françês. Exilado da sua Roménia natal em Zurique, onde conheceu Lenine, provocou um dos ataques mais directos e frontais á cultura vigente, mostrando um ódio juvenil extremo aos mestres e á civilizaçao que conduziram á hecatombe que a geraçao viveu. O movimento que criou, denominado dadá, procurou o esquecimento da aventura cultural e o início de uma nova forma de entender a sensibilidade e a criaçao. Em 1920, mudar-se-ia para Paris, onde foi recebido com entusiasmo pela tribo surrealista, que assumiu alguns dos princípios que Tzara começara a expressar nos seus periódicos manifestos. Culturalmente, o dadaísmo colheu alguns dos seus mais importantes frutos na França de Sartre, tanto na sua versao literária como na sua projecçao política- e sobretudo no surrealismo. Breton, pontífice do surrealismo e militante activo do confronto cultural contra quem, na sua opiniao, conduziria a Europa ao extermínio e á banalidade, derivará para uma aproximaçao á política comunista a par de poetas como Aragon ou Éluard. Daí que o “Segundo Manifesto” incluia de forma explícita Marx como profeta, juntamente com Rimbaud, o poeta conflictuoso e radicalmente insubmisso em relaçao á cultura europeia. O resultado tem uma dupla natureza: mudar a vida (Rimbaud), mudar o mundo (Marx). E esta vontade de mudar aposta numa radicalizaçao revolucionária de sinais extremos. Sartre está situado neste horizonte marcado pela Primeira Guerra Mundial. Escreverá mais tarde, com uma contundência surpreendente, que o seu ódio á burguesia nunca se vai extinguir: é a civilizaçao que desembocou na ruína e na desolaçao.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
.
Publicado en Uncategorized















