SIGMUND FREUD (A ARTE)
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Decididamente a arte é uma das manifestaçoes culturais mais significativas e louváveis da humanidade. Tanto é assim que, segundo a maioria dos historiadores, críticos e estectas, a arte constitui uma das expressoes mais elevadas da natureza eminentemente espiritual do homem. Nesta perspectiva, a dedicaçao á arte, á qual se consagrariam as mais conceituadas personalidades da humanidade, seria fruto de uma escolha livre; também seria igualmente livre e dignificante a contemplaçao estéctica que depois a sociedade faria de todas estas criaçoes. Ocasionalmente, Freud deleitava-se com muitas das grandes expressoes, artísticas de todos os tempos – aparentemente, porém, a música nao estava entre as suas preferidas, salvo, claro está, as óperas de Mozart -, mas no seu afan de compreender a verdadeira essência da arte, as suas motivaçoes e o papel exacto que tinha dentro da sociedade, levaram-no a desconfiar desse tradicionalmente tao idealizado retrato das artes. Segundo Freud, a chave terá de ser de novo procurada na natureza pulsional do ser humano e na resposta que essas pulsoes recebem do meio familiar e cultural mais imediato. A questao da arte já aparecia tangencialmente em alguns dos grandes textos de Freud, sem ir mais longe. “O Mal-Estar na Civilizaçao”, obra que citámos frequentemente ao longo do presente capítulo. Porém, Freud dedicou dois trabalhos de extensao considerável a dois grandes artistas plásticos do Renascimento italiano: Leonardo da Vinci – “Leonardo da Vinci e uma Lembrança da sua Infância”, (1910) – e Miguel Ângelo (Michelangelo Buonarroti) – “O Moisés de Miguel Ầngelo”, (1914); bem como a um célebre literato russo do século XIX, Fiódor Dostoiévski – “Dostoiévski e o Parricídio”, (1927). Nestes casos, o nosso autor colocava as técnicas psicanalíticas ao serviço da história e da crítica de arte. Indubitávelmente, para Freud, o “quid” da arte encontra-se na noçao de “sublimaçao”. Como bem sabemos, segundo o pai da psicanálise, as pulsoes de carácter sexual atravessam cada uma das fibras sensíveis do ser humano. Tanto é assim que o homem dificilmente consegue esquivar-se a esta realidade e á sua força tenaz.
marc pepiol martí
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