Arquivos diarios: 14/04/2017

SIGMUND FREUD (A VIDA EM SOCIEDADE)

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                    Se quisermos entender a visao freudiana da sociedade e da cultura humana teremos de recorrer a três obras magistrais do nosso autor: “Totem e Tabu” (1913), a “Psicologia de Grupo e Análise do Ego” (1921) e “O Mal-Estar na Civilizaçao (1930).  Á partida, as três obras incidem em aspectos muito diversos, mas se colocadas numa determinada ordem projectam uma imagem muito completa e profunda de todo o humano.  Neste ponto, todavia, centrar-nos-emos especialmente no estudo de “O Mal-Estar na Civilizaçao”, já que se trata do diagnóstico mais imponente da cultura realizado por Freud e aquele que mais marcou o pensamento filosófico e sociológico contemporâneo.  “O Mal-Estar na Civilizaçao”  postula inicialmente uma ideia difícil de questionar:  os homens desejan ser felizes, isto é, queremos ver o nosso ideal de felicidade realizado na práctica.  Assim vimos programados por natureza:  o “Id” ou “Isso”, quer dizer, o estracto mais profundo e original do nosso “eu”, é governado pelo princípio do prazer.  Aspiramos, pois, a realizar esse gozo e a experimentar o contentamento ou a alegria que disso deriva.  Uma vida sempre prazenteira seria, claro está, uma vida feliz.  Sem dúvida, esta afirmaçao inicial de Freud contaria com o apoio de um filon nada desprezável de filósofos, os “hedonistas”, que, já desde a Grécia antiga, se tinham centrado na importância que o prazer tinha para a vida do homem.  Porém, o nosso meio nao nos facilita nada a vida, pelo contrário; sentimos uma infinidade de oposiçoes ao nosso impulso inacto para o prazer e a felicidade.  A natureza, como se costuma dizer, é cruel e nao tem compaixao por nós, e as relaçoes com os outros sao, frequentemente, fonte de frustraçao e insatisfaçao.  Nao sao só os agentes externos que nos impedem de realizar calmamente o nosso ideal de felicidade; também a nossa própria natureza nos impoe obstáculos; o corpo degenera e adoece, sumindo-nos em incontáveis dores e frustraçoes.  Perante tudo isto, que possibilidades temos, pois, de ser felizes? Como poderiamos evitar a dor?  Historicamente tem sido proposta uma infinidade de receitas contra a dor:  instou-se á renúncia do desejo, que em última análise se transforma em dor; a dedicar-se a projectos mais elevados ou espirituais, como a arte;  á fuga da realidade que, como veremos, a religiao procura, ou inclusive, ao consumo de drogas.  Mas nem a renúncia, nem a “fuga mundi” a que as drogas ou a religiao conduzem, nem sequer o amor mais autêntico, conseguem libertar-nos da dor que é viver.   A felicidade parece um ideal impossível de atingir: nascemos com aspiraçoes a ser felizes e lutamos desesperadamente para consegui-lo, embora a realidade, sempre casmurra, se oponha com firmeza aos nossos propósitos.

 

marc pepiol martí

 

VERDE GRANDE

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– Verde grande

que te miro enteiro

cos ollos lentos do ceo azul

– E cos ollos transparentes

do amor solitario

– É certo, pro son home

– És home, pro esqueces

a intriga

– A intriga faime coma todos

e eu quéroos

– Pro fainos unha visita

de cando en vez, home

 

francisco candeira