SIGMUND FREUD ( O COMPLEXO DE ÉDIPO)

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               Os nossos leitores relacionarao rapidamente o nome deste complexo com uma das grandes tragédias clássicas, “Rei Édipo”, de Sófocles (496 a. C. – 406 a. C.).  A apaixonante história do génio de Sófocles nao só narrava as desventuras de um homem concreto, Édipo, mas as peripécias pelas quais devia passar qualquer homem ou, melhor dizendo, qualquer criança.  Se iluminarmos os alicerces de qualquer ser humano, veremos representada, segundo Freud, uma trágica cena similar á do malogrado Édipo.  Está longe de qualquer dúvida que o bebé encontra na figura da mae a fonte de satisfaçao de todas as suas necessidades e desejos naturais: é a mae quem o alimenta com o seu peito, é a mae quem o mima, é a mae quem está ali a todo o momento para o consolar…   Por todas estas razoes e por mais algumas, a mae torna-se o principal objecto de desejo da criança;  até se poderia dizer, forçando um pouco o vocabulário, que a criança acabará apaixonada pela mae.  A criança pequena ansiará, pois, por um tipo de relaçao íntima com a mae, como a que Édipo inconscientemente acabou por consumar.  Em contrapartida, a figura do pai tem, para o bebé, um papel totalmente diferente do da mae.  A maioria das vezes, o pai é um impedimento para a realizaçao desses desejos infantis.  O pai limita a todo o instante o acesso da criança a essa fonte de satisfaçao representada pela mae, impoe limites ao seu desejo.  Perante tal agravo, o bebé experimenta, a um nível nao consciente, claro, um grande ódio pelo seu pai.  Desejaria destruí-lo, desejaria que desaparecesse;  em última análise, desejaria a morte do rival.  Sabemos que, efectivamente, Édipo acabou com a vida de Laio, seu progenitor.  Os sentimentos vivenciados pela criança durante a primeira infância coincidem plenamente, pois, como a trágica trama que Sófocles nos narra: de forma similar a Édipo, a criança desejaria matar o pai e unir-se definitivamente á mae.  É provável que os nossos leitores se perguntem o que acontece no caso das meninas.  Porém, Freud, neste ponto, nao prestou muita atençao ás particularidades do sexo feminino e limitou-se, practicamente, a afirmar que, na menina se dariam esses mesmos sentimentos, mas desta vez de maneira prioritária em relaçao ao pai.  Será outro psicanalista, o já citado C. G. Jung, que denominará a situaçao edíptica feminina como “complexo de Electra”.  Como vemos, também Jung assume o nome deste complexo de uma tragédia de Sófocles: desta vez, sao-nos narradas as desventuras de Electra, que espera o regresso do seu irmao Orestes para que este vingue o assassinato do pai, Agamémnon, morto pela sua infame mae, Clitemnestra, e o seu amante.  Seria lógico pensar que, quer se trate de um menino ou de uma menina, de um pequeno Édipo ou de uma Electra, estes desejos infantis de amor e ódio serao progressivamente reconduzidos para uma relaçao mais calorosa, consciente e madura com os pais…

 

marc pepiol martí

 

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