SIGMUND FREUD (A CRISE DA RAZAO)

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               Como vimos no capítulo precedente, até mesmo depois da publicaçao de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em 1859, o homem ainda tinha a esperança de pensar que, apesar de ser mais um animal, possuía uma genuína faculdade racional que lhe permitia dominar os impulsos animais.  Parecia que, através da razao, a natureza animal do homem podia ser conduzida para fins muito mais elevados do que a mera conservaçao e reproduçao instintiva.  Boa mostra disso é que, de maneira um tanto confiante e presunçosa, o homem se autoproclamou cientificamente como “Homo Sapiens Sapiens”, isto é, “homem” duplamente “sábio”.  O desenvolvimento da psicanálise freudiana poe em causa este último bastiao de orgulho e confiança humanos: a razao consciente passa a ser tao só a pequena ponta de um enorme icebergue, submerso practicamente na sua totalidade em obscuras águas inconscientes; o que significa que o comportamento humano se rege mais pelos instintos do que pela razao.  Adeus razao e livre-arbítrio!   Vamos, precisamente, dar início a este capítulo analisando com atençao os dois modelos teóricos da mente humana que Freud foi elaborando de forma progressiva no decurso da sua vida; isto é, a “primeira tópica” e a “segunda tópica”, propostas que nos afastam, de uma vez por todas, dessa confiante visao do homem como ser racional e livre.

 

marc pepiol martí

 

 

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