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Aos meus amigos de Guillade
Fora dono do casco de Plutón pra tornarme invisible
(descasí, non de todo): estar cos ollos ben abertos
na voz un gromo de silencio
-bufa a curuxa fóra-
estar aí na Taberna do Alén, a carón dese lume
entre rostros amigos, voces, espiritoso viño
e ver e comprender
Giordano Bruno
queimado en Roma
por ter pensado acerca do Universo, do Infinito e dos Mundos
e saber que hai un viaxeiro a piques de baixar do tren
en Compostela e que non dará chegado
onda nosoutros
porque esqueceu unha contraseña exacta
porque non trae a Palabra que nos faría felices
a Palabra perdida polos homes todos
hai tanto tempo.
FRANCISCO XOSÉ CANDEIRA
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Muitas das fotografias que conservamos de Freud mostram-nos um homem de barba farta, geralmente grisalha, e de olhos penetrantes, por vezes delimitados por uns óculos circulares. Também, quase sem excepçao, vemo-lo de testa franzida. Este estricto porte poderia fazer-nos pensar num intelectual arrogante, soberbo e dogmático. Mas nada mais longe da realidade. Sigmund Freud era um homem acessível, sem nenhum tipo de afectaçao e nada altaneiro (de facto, com muita frequência dizia que nao estava dotado de grandes capacidades intelectuais!). Rodeado das suas pessoas de confiança, Freud mostrava- se sempre jovial e exibia o seu sentido de humor. Decididamente, na defesa das suas ideias, era tenaz, inclusive teimoso, mas em nenhum caso dogmático ou intransigente. Por isso, o seu carácter tolerante e o seu íntrego amor pela verdade tornaram-no muito querido entre os seus amigos e muitos dos seus colaboradores… Nasceu a seis de maio de 1856, em Freiberg, uma pequena cidade de maioria católica situada a uns duzentos quilometros a nordeste de Viena… No que diz respeito ao seu pai (comerciante de lan, de origem xudáica), nao era o protótipo de pai dogmático e autoritário tao habitual nesse momento, muito pelo contrário. Passado pouco tempo, a família de Freud sentia necessidade de abandonar Freiberg. A localidade atravessava uma crise económica – sobretudo, no sector da lan – e,… Também um crescente antissemitismo,… Assim, em 1859, aos três anos de idade, o pequeno Sigmund mudou-se com a família provisoriamente, para Leipzige, mais tarde, para Viena. Os primeiros anos de Freud em Viena nao foram fáceis. Porém o pequeno tinha bom carácter e era muito estudioso. Com o tempo tornou-se um estudante brilhante, que se destacava sobre tudo no campo das línguas. Curiosamente, quando foi o momento de decidir um curso, Freud nao mostrou uma grande predileçao pela medicina… a sua vocaçao era a de indagar os mistérios do homem e da natureza, uma inclinaçao filosófica que o acompanhou em toda a sua história de vida. Apesar de ter obtido o título de doutor em 1881 com excelentes notas, a medicina continuava a nao lhe inspirar demasiada paixao. Para além das fronteiras da conservadora e intransigente Viena, os seus estudos também começavam a suscitar certo interesse e alguns debates. A estas primeiras associaçoes, revistas e simpósios seguiram-se muitas outras por todo o mundo. Contudo a psicanálise ainda estava muito longe de ser profusamente reconhecida. E, entao, chegou a guerra, a Primeira Guerra Mundial. Foram tempos muito duros para Freud: á escassez de alimentos e recursos básicos, como luz e aquecimento, era necessário sumar as preocupaçoes pela vida dos seus filhos… E a sua lúcida mente ainda foi capaz de dar luz a importantes teses e livros, se bem que já marcados por um carácter decididamente mais filosófico. É assombroso pensar que um homem de 70 anos, submetido a constantes operaçoes traumáticas para atenuar um cancro dolorosíssimo, obrigado a trabalhar entre cinco e seis horas diárias como terapeuta para se sustentar económicamente, pudesse prosseguir o seu trabalho de investigador, agora já quase plenamente filosófico. Entretanto, a progressao do cancro e as suas consequentes dores nao seriam o único motivo de preocupaçao para Freud nos anos vindouros. Fruto da perseguiçao nazi, Freud viu-se obrigado a abandonar Viena para se refugiar na sua bem-amada Londres. De facto, respondeu com ironia á notícia de que os seus livros e os de outros psícanalistas tinham sido queimados publicamente em Berlim; “Quanto progredimos!” – exclamou- “Na Idade Média ter-me-iam queimado a mim; agora conformam-se em queimar os meus livros”.
marc pepiol martí
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