A TERRA

Nascido de gente que através dos séculos amanhou terra, viveu da terra, gente que via na posse de terra nao somente uma garantia de vida mas também uma forma de felicidade, sinto-me estranhamente desapegado do campo.
As emoçoes que me dá uma serrania, um vale fértil, um lusco-fusco no monte, a alegria que me causam as cores do Outono, tudo isso sou capaz de pôr em texto mais ou menos escorreito (hélas, sempre insatisfatório). Todavia, esse descrever é uma arte, nao é um sentimento. E embora goste de subir a um pico, descer uma encosta, aspirar os cheiros dum pinhal, nao me peçam para podar uma vinha ou colher azeitona.
Essa aversao ao esforço físico que o trabalhar a terra exige, levo-a á conta do muito que as geraçoes dos meus antepassados sofreram na lavoura. Sacrificaram-se eles para que eu me pudesse libertar, e tao radicalmente me libertei que até da carga genética me desfiz.
J RENTES DE CARVALHO

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