
Ora, na época de Plotino, em que, como xá sabemos, a cidade perdeu todo o interesse pola filosofia, o novo filósofo xá non pode permanecer nesse espaço político, que é agora visto com desconfiança, nem de mostrar a prioridade da acçón (ou o uso, o que acaba por ser o mesmo) sobre a producçón, mas de operar um retorno ao princípio criador das cousas. Vemos entón que a polaridade platónica invertíu-se, e é preciso entender muito bem o sentido desta operaçón. Da preeminência da acçón como “finalidade” (recordemos a superioridade do flautista sobre o fabricante de flautas) passamos à preeminência da produçón como “princípio”. No entanto, isto non significa que Plotino se ponha, de repente, a eloxiar os artesáns ou “operários” como os possuidores da verdade das cousas, o que seria impensábel no seu tempo (para isso teremos de esperar pola Modernidade e por Karl Marx). Em virtude da revolucçón relixiosa pola qual a Grécia passou no período helenístico, o que Plotino concebe agora como “producçón” non pode ser algo propriamente mundano, mas divino. A “Ideia” xá non é simplesmente o sentido pressuposto em cada cousa, mas o que essa cousa enxendrou a partir da sua condiçón transcendente e subsistente. O apogeu da relixiosidade, de facto, produzíu entre os gregos o sentimento de que os deuses abandonaram a terra e se dirixiram para as alturas de um céu sobrenatural, reabsorvidos por um princípio infinito e absolucto que é visto como o único e verdadeiro Deus (e que filosoficamente seria representado pola Ideia superior a todas: o Bem). Produz-se, assim, unha proliferaçón de cultos que defendem a reunión da alma humana com esse Deus situado no topo da criaçón. Plotino comunga deste sentimento relixioso de carácter monoteísta, mas procura fundamentá-lo filosoficamente. Por isso, xá non se trata de enfatizar a própria “participaçón” (isto é, a relaçón do intelixíbel com o senssíbel, como ocorria em Platón), mas de como o “participado” (o ideal) “criou” o “participante” (o senssíbel) e, num segundo momento da possibilidade de um retorno do participante ao participado. Esta ascensón, o culminar da sua filosofia, será o instante intensivamente pleno: o êxtase ou iluminaçón que, segundo Porfírio, Plotino alcançou quatro vezes em vida. Esta deriva da relixiosidade helenística non surxíu isolada do mundo oriental (como, de certo modo, tinha surxido a polis clássica). Polo contrário, ela própria foi favorecendo unha penetraçón cada vez maior de modos de pensamento alheios ao mundo grego: o Oriente entra na Grecia porque esta está preparada para o receber devido à sua própria experiência de crise, que a leva a identificar-se com outras culturas mais do que a distinguir-se delas (vexa-se, de novo, a Filón). Apesar de tudo isto, non deixa de lhes fornecer o seu toque característico, algo que vemos reflectido precisamente no neoplatonismo. Este movimento coincide no tempo com a penetraçón definitiva do cristianismo no Império, e poder-se-ia mesmo defini-lo como unha última tentativa do pensamento grego para afirmar a sua superioridade face à nova relixión monoteísta, antes de ser definitivamente vencido e absorvido por ela.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO