
Para Rousseau, o “estado da natureza” é tán só unha mera hipótese ou experiência mental que lhe permite levar a cabo e armar a estructura da sua reflexón. Na sua opinión, ao examinar os fundamentos da sociedade, todos os filósofos teríam sentido a necessidade de remontar até ao “estado de natureza”, mas tê-lo-iam feito transferindo para o “estado de natureza” ideias próprias da sociedade, atribuindo ao home selvaxem as características próprias do home civilizado, a saber, necessidade, avidez, opressón, desexos e orgulhos, tal como assinala no seu “Discurso sobre a Orixem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”. O desafio consistiria em ver o home exactamente como a natureza o formou, através de todas as mudanças produzidas na sua constituiçón orixinal. Novamente, Rousseau di-lo à sua maneira: “Semelhante à estátua de Glauco, que o tempo, o mar e as tempestades tinham desfigurado tanto que se assemelhava menos a um deus do que a unha estátua feroz, a alma humana, alterada no seio da sociedade por mil causas constantemente renascentes, pela adquisiçón de unha multidón de conhecimentos e erros, e polo choque contínuo das paixóns, mudou de aparência, a ponto de ser quase irreconhecíbel”. A Rousseau non parece nada leviana a tarefa de discernir o que há de orixinal e de artificial na natureza actual do home. Assim, decide deixar de lado todos os libros científicos, que só ensinam a ver os homes tal como eles se fixérom, para conxecturar as primeiras e mais simples operaçóns da alma humana, a saber, o princípio da própria conservaçón e o princípio da piedade ou compaixón, isto é, a repugnância natural que nos inspira ver sofrer qualquer ser senssíbel e, particularmente, os nossos semelhantes. Da combinaçón dos dous princípios poderiam derivar todas as regras do “direito natural”, regras que, em seguida, a razón terá de restabelecer sobre outros fundamentos quando acabar por destruir a natureza. Um grande estudioso de Rousseau, como é Jean Starobinski, falou da busca constante de um “remédio no próprio mal” (o mal da civilizaçón, da desigualdade e da cultura) como principal guia para explorar o pensamento de Rousseau, autor para quem o direito fundamental residiria em non se ver maltratado em ván.
ROBERTO R. ARAMAYO