
Ora, é certo que, ao falarmos de unha “violência estructural”, abordamos algo de certa forma paradoxal, pois trata-se de unha violência que produz efeitos estando, no entanto, “ausente”. Pensemos por um momento em termos linguísticos: unha língua pode “submeter-se” à autoridade de unha academia que determine as normas do linguisticamente correcto, que tem poder para decidir, por exemplo, que deixa de ser correcto acentuar certos monossílabos. Mas a maneira como unha língua “obedece” às suas regras gramaticais é de natureza muito distinta, porque aí non há nenhuma intervençón empírica que possa ser experimentada. Obviamente, os suxeitos falam correctamente mesmo que non tenham ideia de gramática, e fazem-no sem pensar em momento algum nas regras que em cada caso están a aplicar. Este modo de produzir efeitos sem intervencionismo, sem exercício de nenhum poder, este carácter impossíbel de experienciar do gramatical, foi aquilo que inspirou, no seminário de Althusser, a ideia de pensar o conceito de “causalidade estructural” com a axuda do termo “causa ausente” (um conceito importado da psicanálise lacaniana). Tratava-se de pensar o conceito de “eficácia estructural”. ¿Como produzem efeitos as “estructuras” e que tipo de efeitos produzem? Demos antes um exemplo que nos pode axudar. Um operário paquistanês de unha multinacional têxtil, escolhe ser operário todos os dias, porque se levanta todos os dias quando o despertador toca. Mas se, em virtude de unha decisón rebelde, um dia atira o despertador pola xanela, non é por isso que deixa de ser um operário; transforma-se, dizíamos, num “operário no desemprego”. Non era, portanto, a presença do despertador nem do capataz, nem da disciplina fabril em xeral, que fazia dele todos os dias um operário, mas, sim, a eficácia de unha ausência, a eficácia dessa estructura que tanto custou formar no seu momento, e que, unha vez construída historicamente, permanece “ausente” sem deixar de estar “presente”: unha estructura que separa a populaçón dos seus meios de produçón. Unha estructura, como dizia Althusser, “esgota-se nos seus efeitos”. Estes som a única forma de a experimentarmos. Unha pessoa sabe por experiência própria o que é um banqueiro ou um operário, unha pessoa tem as suas experiências com banqueiros e com operários, mas nom o que faz o banqueiro ser banqueiro ou o operário ser operário. Por isso, porque a estructura apenas aparece nos seus efeitos, é muito fácil tomar o efeito pola causa, xá que a estructura tende sempre a permanecer “escondida”. Este foi o motivo polo qual à “causalidade extructural” se chamou, além de “ausente”, “metonímica”: sendo o efeito confundido com a causa.
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA