
Neste sentido, Nietzsche é um claro precursor de Freud e antecipa muitos dos desenvolvimentos da psicanálise e da psicoloxía cognitiva contemporânea. A crítica ao papel da consciência serve a Nietzsche para disparar de novo contra um dos seus alvos preferidos: os filósofos. Embora estes exemplares humanos se apresentem como os campeóns da racionalidade, como os donos absoluctos do pensamento, na verdade, “a maior parte do pensar consciente de um filósofo é guiada de modo secreto polos seus instintos e é forçada por estes a discorrer por determinados carris”. Como vemos, o mundo entendido a partir da óptica da “vontade de poder” leva Nietzsche a desmontar a crença de que somos fundamentalmente seres racionais ou espirituais, suxeitos dotados de unha consciência capaz de exercer a sua soberania sobre os instintos, os pensamentos e as acçóns. Para Nietzsche, a história da filosofia é a história de unha “mala comprehensón do corpo”. Os filósofos ocuparam-se tradicionalmente de perguntas como “¿o que é o home?” ou “¿em que consiste o especificamente humano?” E, em xeral, as respostas foram encontradas na faculdade racional ou intelectual, unha espécie de superpoder que non só estaria separado do corpo, como confrontado com ele. Assim, a “essência” dos seres humanos encontrar-se-ia para os filósofos no terreno espiritual, a parte supostamente “divina” da nossa natureza, desdenhando da dimensón corporal. Zaratustra defende, polo contrário, que o espírito non é mais do que unha “pequena razón”, “um pequeno instrumento e um pequeno brinquedo” ao serviço dessa “grande razón” que é o corpo.
TONI LLÁCER