
Voltaire conquista unha independência que o liberta das douradas correntes da côrte. A finais de 1759, o recente patriarca de Ferney poderá dizer isto: “Non conheço outra liberdade além da de non depender de ninguém e atinxí essa meta, depois de a perseguir durante toda a minha vida”. O “Dicionário Filosófico”, será finalmente a obra de um ancián xovial e sem obstáculos, non a de um cortesán constranxido polos louvores, a obra de um home que se orgulha da sua independência e da actividade intelectual que demonstra. “Se alguém me perguntasse o que faço na minha cabana, responder-lhe-ia que reino, acrescentando que me compadeço dos escravos. O vosso pobre Diderot, ficou escravo dos libreiros e converteu-se no dos fanáticos”, escreve a D’Alembert em 1759. As dificuldades com que a “Enciclopédia” se ia deparando e que levarom ao abandono de D’Alembert, a partir do tomo sete, non forom alheias ao proxecto do “Dicionário Filosófico”. Voltaire disse que a “Enciclopédia” debía “imprimir-se num país libre ou debaixo dos olhos de um rei filósofo”, ou sexa, de Catarina II da Rússia, após o fiasco vivido com Frederico II da Prússia. Voltaire sempre se compadeceu de Diderot por ter de evitar tantas trapaças e perseguiçóns, pois considerava necessário que “esse dicionário, cem vezes mais útil do que o de Bayle, non fosse perturbado pola superstiçón que debia erradicar”. Até se permitiu unha consideraçón de ordem económica. “Essa imensa empresa trará a Diderot perto de trinta mil libras, quando lhe debía trazer duzentas mil.” A retirada do priviléxio à “Enciclopédia” coordenada por Diderot, provoca a cólera e a solidariedade de Voltaire, que até chegou a oferecer-se para a financiar com o seu próprio dinheiro, mas xá tinha começado a redixir a sua própria “Enciclopédia” de bolso, que consideraba mais eficaz polo tamanho e independência. Como escreve à sobrinha em 1762, a propósito do “Tratado sobre a Tolerância”, Voltaire também dá a impressón de ter constituído o seu “Dicionário Filosófico”, “num pequeno tribunal bastante libre onde fazer comparecer a superstiçón, o fanatismo, a extravagância e a tirania”. O seu “Dicionário” aparece clandestinamente. Nunha mistura de prudência, gosto lúdico e sentido de publicidade, Voltaire lança unha campanha de desmentidos sobre a sua autoria. “Deus me libre de ter a menor participaçón no “Dicionário Filosófico”. Ouví falar desse pequeno e abominábel dicionário… Lí esse diabólico dicionário, que me comoveu como a vós, mas o cúmulo da minha aflicçón é que existam cristáns tán indignos desse belo nome, a ponto de suspeitarem de que sou o autor de unha obra tán anticristán.”
ROBERTO R. ARAMAYO
