
Porque correría o Lete por aquí, entre estes campos risonhos é que non sei, mas acho que isso está ligado com a nossa condiçón de “terras do fim do mundo”. A mais remota aduana do planeta era, se non estou enganado, no lugar a que hoxe chamamos estreito de Gibraltar, columnas de Hércules para os antigos. Dali, só habia passaxem para a morte, mas algunhas desafiam o destino, e é preciso ter presente que ao litoral português, non se chegava só por mar, também había um caminho terrestre. Houbo sempre movimentos de barcos desde a fachada levantina até à orla atlântica. Os rios non eram navegábeis nos seus troços superiores, mas serviam para marcar os sulcos do caminho, e permitiam, por exemplo, vir de Valença a Lisboa subindo o vale de Jucar e descendo depois o do Texo; ou de Tortosa, na foz do Ebro, ao Porto, na foz do Douro, porque os dous sistemas hidrográficos, quase se tocam xunto dos montes Cantábricos. Essas viaxens duravam vidas, e quanto mais lonxe se ia mais debéis eram as possibilidades de voltar à pátria. E talvez por isso os xeógrafos dos mitos colocabam o Lete nos confins do mundo occidental, que para eles era o litoral português. Foi portanto aquí, nas marxens do rio, que os soldados do cônsul Décimo Júnio Bruto se recusavam a avançar mais, com medo de esquecerem as suas pátrias; o cônsul meteu-se à água com a águia da lexión nos dentes, nadou até à marxem de lá, e aí começou a chamar os soldados cada qual por seu nome, para mostrar que nada lhe tinha esquecido. O célebre episódio é contado por Tito Lívio e marca o início da conquista da Galiza polas armas romanas. A importância do Lima como via fluvial é tán grande que a xente quase se espanta de que a cidade sexa de fundaçón relativamente recente. É mais outra das coroas de glória para o “Bolonhês”. Foi ele quem fundou a povoaçón e tomou a peito fazê-la vingar. Talvez nos tempos que passou em França tivesse ganho essa visón estratéxica do desenvolvimento e tivesse aprendido quanto futuro estaba reservado a essas povoaçóns nascidas na foz dos rios que levavam e traziam os productos ao interior. Afonso III debía o cognome ao facto de, polo casamento, ter sido conde de unha cidade marítima, Bolonha do Mar, situada na foz de um rio que desemboca no Pas de Calais. Estes desertos à beira-mar têm sempre a mesma explicaçón: o medo dos ataques de mouriscos e nórdicos, que corriam os mares à caça de riquezas e escravaría. Por isso, logo na altura em que mandou passar o foral, o que aconteceu no ano de 1258, mandou também fazer um grande cercado de pedra, com quatro portas e unha torre no ponto mais elevado. O feitio do muro era aproximadamente oval, como ainda hoxe percebe quem olhar com atençón unha planta da cidade. A torre ficou no sítio da laxe, exactamente onde agora está a igrexa matriz. A muralha media, a toda a volta, quase setecentos metros. Lá dentro os primeiros povoadores puderam construir as suas casas, e o rei animava-os garantindo-lhes priviléxios e imunidades contra as prepotências dos ricos-homes e dos coutos monásticos que dominavam na rexión.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS