
Rawls demorou quase trinta anos a referir-se sériamente sobre a xustiça internacional depois da publicaçón da sua obra-prima. Se em 1971 publica “Uma Teoria da Xustiça”, só em 1999 aparece “O Direito dos Povos”, o libro em que o filósofo de Harvard aborda as condiçóns de unha ética entre os povos. A verdade é que nem Rawls, nem practicamente nenhum filósofo contemporâneo tinham abordado a questón da xustiça global nos anos anteriores, a non ser um discípulo do próprio Rawls, Charles Beitz, que em 1979 publicou unha tese de doutoramento na qual aplicava o princípio rawlsiano de diferênça à política internacional. Esse texto e esse assunto mantiveram-se num segundo plano filosófico até que, em 1993, Rawls, convidado por Amnistia Internacional, deu unha conferência na Universidade de Oxford baixo o título “O Direito dos Povos”. Insatisfeito com a publicaçón da conferência, por considerar que o assunto merecia mais espaço e profundidade, iniciou a escrita do texto que acabaria por se converter non só na última grande obra do filósofo, como num estímulo e nunha referência para a filosofía política posterior. Desde entón, a questón da xustiça internacional (ou da xustiça global, como a conhecemos habitualmente, xá que estamos mergulhados num processo de globalizaçón sem retorno) ocupa um lugar de destaque nas preocupaçóns dos filósofos da ética e da política, como veremos no final deste libro. Em “O Direito dos Povos”, Rawls mantém a sua conhecida metodoloxía contratualista baseada na ideia de unha posiçón orixinal como ponto de partida da construçón dos princípios de unha xustiça internacional entre os povos (non entre os Estados nem entre os indivíduos desvinculados dos povos a que pertencem), mas, com grande surpresa para a maioria dos rawlsianos, non se limita a aplicar os princípios descobertos em “Unha Teoria da Xustiça” ao âmbito internacional. Rawls prescinde tanto de unha igualdade de oportunidades global como de um princípio de diferença global. ¿Porquê?
ÁNGEL PUYOL