.

¿Porque decidimos viver em comunidade? ¿Porque nos entregamos a unha série de normas e renunciamos a rexer-nos unicamente pola nossa própria vontade? Estas e outras perguntas do xénero, que remetiam para a questón da orixem do governo civil e da sociedade, adquiriram um súbito protagonismo na reflexón dos pensadores do século XVII, a que a obra do nosso filósofo non ficou alheia. Este interesse xeneralizado manifesta que algunha cousa estaba a mudar, e que, nunha altura de grandes convulsóns, se começavam a questionar os fundamentos da sociedade e as normas de governo tradicionais. Neste sentido, o contexto histórico em que Locke escrebeu a sua principal obra política, “Dous Tratados do Governo”, resulta fundamental para entender os problemas que aborda e as soluçóns que propôn. Como vimos no capítulo inicial, Locke nasceu sob a dinastia dos Stuart, que se caracterizou por unha concentraçón absoluctista do poder no rei, tal como estaba a acontecer nos emerxentes reinos nacionais do continente, encabeçados por França. Mais tarde, teve de suportar a guerra civil e conheceu o puritanismo da República de Cromwell para, pouco depois, assistir à restauraçón monárquica dos Stuart que, após a morte de Carlos II, trouxo consigo unha nova concentraçón de poder sob a figura de Jaime II. Só em 1688, com a Revoluçón Gloriosa e a coroaçón de Guilherme de Orange, é que a corrente parlamentarista a que Locke se xuntou conseguiu, por fim, impor-se de forma estábel. O século XVII inglês foi, definitivamente, cenário de grandes e sangrentos confrontos: entre o absoluctismo monárquico e o parlamentarismo; entre o catolicismo, o anglicanismo e o protestantismo de raiz puritana; e, por fim, entre os interesses económicos da puxante burguesia, que reivindicaba mais liberdade económica e mais comércio, e o protecionismo e os monopólios da coroa e da nobreza latifundiária. Estes confrontos determinaram os temas sobre os quais Locke vai escreber: as relaçóns entre monarquia e parlamento, a limitaçón da relixión à esfera privada, os fundamentos da obrigaçón política, os limites na obediência dos cidadáns ao governo, e a defesa da propriedade privada como um direito natural dos homes. O apego ao devir político do seu tempo faz de Locke um autor que rompe com o estereótipo do filósofo como um ser separado da sociedade onde vive, mas também dificulta, em certas ocasións, a separaçón entre as ideias políticas que apoia (as da Revoluçón Gloriosa) e as explicaçóns teóricas com que tenta chegar até elas. Algunhas partes da sua obra podem ler-se como unha xustificaçón quase apriorística das formas de governo de unha revoluçón que, no final, se mostraria triunfante.
SERGI AGUILAR