.

Todas as restantes construçóns morais da história elaboram os seus valores éticos a partir de algo alheio à razón. Kant chama-lhes “heterónomas”, porque situam as leis sobre algo externo, que se desexa, e à ética da razón práctica chama-lhe “autónoma”, porque contém as leis em si mesma. Quando Aristóteles refere como aspiraçón máxima a “felicidade”, quando os estoicos a afirmam na adaptaçón pessoal ao “logos universal” (ou intelixência da natureza), están a assentar as bases de filosofias morais “heterónomas”. A ética kantiana é formal, porque nos proporciona um critério abstracto para xulgar a moral, non um conteúdo particular e concreto de normas, leis ou princípios. Revela-nos a forma do xuízo moral e a actividade da razón no seu uso práctico, e apresenta-se como unha “meta-ética” que proporciona unha explicaçón e unha norma de validaçón para a nossa vida moral; mas non se propón deduzir, a partir desse critério, mediante análise, preceitos específicos para a nossa conducta. Kant constrói a base mais abstracta que xamais foi concebida para as intuiçóns comuns da moralidade. Resulta sistemática porque, em primeiro lugar, constrói todas as suas partes em estreita correspondência interna entre si e observa as mesmas questóns a partir de diversos pontos de vista (como um oleiro que vai dando voltas à peza no torno) e, em segundo lugar, porque o pensamento ético, construído sobretudo na “Fundamentaçón da Metafísica das Costûmes” e na “Crítica da Razón Práctica”, encaixa na estructura global da filosofia kantiana desenvolvida nas outras duas críticas e nos “Prolegómenos”: pertence a unha mesma edificaçón filosófica na qual se confere o máximo valor à razón, como instância suprema da dignidade e da liberdade humanas. As três características (racionalidade, formalismo, sistematicidade) xá nos indicam que a filosofia moral kantiana non circula por nenhum dos caminhos trilhados pola tradiçón. As diversas e sucessivas escolas de ética podem dividir-se, em traços largos, em dous grupos principais: as “teolóxicas” (que entendem os xuízos e as acçóns como cumprimento de mandatos divinos) e as “pragmáticas”, que pressupónhem um fim externo, para as acçóns humanas; sexa a consecuçón da “felicidade” ou qualquer outro. Tal como na parte teórica do seu pensamento, na parte ética o racionalista Kant recusa-se a transgredir os limites da razón, isto é, o âmbito apriorístico. A dignidade ética do ser racional consistirá no que ele possuir por si mesmo, non na sua adequaçón a algo exterior a ele.
JOAN SOLÉ