.

A contribuiçón filosófica mais valiosa de Abelardo foi no campo da lóxica, a qual por vezes também refería como dialéctica. Baseou os seus ensinamentos e os seus escritos sobre o tema nestas sete obras: “Isagogé ou Introduçón” (às Categorias de Aristóteles), de Porfírio, um filósofo neoplatónico do século III, “Sobre a Interpretaçón” e “Categorias”, de Aristóteles, e “O Livro das Divisóns”, “Tópicos”, “Sobre os Siloxismos Categóricos” e “Sobre os Siloxismos Hipotéticos”, de Boécio (perto do 480-525), um filósofo romano que foi a máxima autoridade medieval em lóxica até ao século XIII. Para Abelardo, a lóxica representa a garantia de verdade no uso da razón. Mais do que instrumental, o seu papel é orientador das restantes ciências. Neste contexto filosófico, e dentro das polémicas suscitadas na sua época polos mestres Roscelino e Guilherme de Champeaux, expôn nos debates das escolas o chamado “problema dos universais”. Fagamos um pouco de história antes de explanar a posiçón de Abelardo a esse respeito. O problema surxe a propósito dos termos xerais, como “home”. Terá o conceito de “home” algunha existência à marxem da existência do home concreto? O tema, embora abstracto, non é frívolo, pois a ciência trata, do xeral, do universal. Para Aristóteles, “toda a realidade é individual”, e chama universal “ao que por natureza se predica de muitos”. Se, pois, o universal non existe separadamente, mas se predica do individual, como quando afirmamos “Pedro é home”, que existência terá? Boécio afirma que a substância é individual e que o universal é um conceito, non um conceito vazio, mas formal. Voltemos ao século XII. Guilherme de Champeaux defende unha posiçón chamada “realista” (de “res”, cousa), segundo a qual existem essências ou substâncias universais, por exemplo, a substância “home”, comuns aos indivíduos cuxas diferenças entre si seriam accidentais. Roscelino, por seu lado, mantinha unha posiçón chamada “nominalista” (de “nomen”, nome), e pensava que as espécies e os xéneros non existem fora do suxeito individual, mas que som apenas “nomes”, sons articulados. Abelardo distanciou-se de ambas as posiçóns: os universais non som nem “cousas” nem meros “nomes”. O universal, para ele, é o que se pode predicar de muitos, e esta predicaçón tem lugar na linguáxem criáda polos homes. O que importa é a significaçón linguística. Nem a cousa “res”, nem a voz, “vox”, som universais. O universal é a palabra significativa, “sermo”. Os universais, portanto, non pertencem a unha ciência do real, das substâncias, mas a unha ciência da linguaxem, à lóxica, à qual chama de modo expressivo “scientia sermonicalis”, isto é “ciência do discurso”.
ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA