.

Embora a grande tradiçón filosófica occidental tenha estado sempre disposta a reconhecer no home unha “mácula”, certamente fruto do pecado, no fundo considerava que essas vergonhosas tendências da sua natureza corporal podiam ser combatidas através da razón -ou por meio de outras paixóns mais nobres- até serem redimidas. O home tinha, pois, a possibilidade de se salvar. Com Freud, esta possibilidade será posta definitivamente em xeque: o home é estructuralmente essa “mácula” e, portanto, a alma imaculada, racional e libre -que a tradiçón filosófica occidental sublimava-, perde toda a sua autonomia para passar a ser considerada unha manifestaçón inconsistente da sua natureza física e eminentemente instintiva. Mesmo que os homes assim acreditem, a razón consciente non governa o “eu”. É o inconsciente -unha instância que cedo será baptizada com o termo latino “Id”, que significa “Isso” -que no fim governa todos os actos humanos aparentemente racionais e é também, claro está, o responsábel por essas turvas inclinaçóns do suxeito. Xá que Freud se atreveu a questionar toda esta tradiçón filosófica, non nos debemos admirar com a feliz expressón com que Paul Ricouer (1913-2005), filósofo francês que se destacou no campo da antropoloxía filosófica, qualificou Freud e a sua obra. Segundo Ricouer, Freud sería um “maître du soupçon”, isto é, um “mestre da suspeita”. O filósofo gaulês apressou-se a assinalar que esta categoria também podía servir para definir a actitude filosófica de outros dous filósofos: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Nietzsche (1844-1900). Curiosamente as três personáxes citadas por Ricouer ingressaram no panteón filosófico a partir de disciplinas diversas: Marx a partir do direito, Nietzsche a partir da filoloxía, e Freud a partir da medicina. E, no entanto, elaboraram um pensamento filosófico eminentemente crítico, que colocou sob o aspecto da suspeiçón a visón tradicional do home e da cultura.
MARC PEPIOL MARTÍ