
Embora non introduzam qualquer novidade substâncial, as “Meditaçóns” som consideradas por muitos estudosos como a obra-prima de Descartes. Nelas expón lenta e cuidadosamente todo o aparato epistemolóxico e metafísico do “Discurso”, da dúvida à existência do mundo material, passando pelas probas da existência de Deus. Reforçando a sua imaxem pedagóxica, afirmou que tinha escrito esta obra “com o propósito de que as ideias abstractas fossem estimulantes para as mulheres”, algo que naquela altura supunha unha declaraçón de intençóns, até mesmo para um racionalista como ele, que proclamaba abertamente a igualdade das intelixências, pois era óbvio que a maioria das mulheres carecia de acesso à cultura. Com o aparecimento das “Meditaçóns” surxíu também unha série de virulentas polémicas nas universidades holandesas, onde o cartesianismo começaba a correr como pólvora. A primeira delas, em Utrecht, apanhou Descartes a meio de unha feroz discussón sobre a predestinaçón. Segundo Gisbert Voetius, um influente teólogo protestante, o voluntarismo do novo filósofo era perigoso porque questionava a omnipotência divina e identificava-se com a doutrina arminiana do libre arbítrio, prohibída oficialmente anos antes na Holanda.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO