
Esta passaxem é unha fantástica exposiçón da arte de viver que os “Ensaios” nos propónhem. É que Montaigne, depois de defender que a verdade de carácter teórico resulta impossíbel, deixa de lado a sua fórmula principal (“que sais-je?”), e opta por unha saída práctica que Pascal resume de maneira impecábel. (…) Para Pascal, Epicteto mostrou-nos a nossa luz e Montaigne, na parte destructiva dos seus “Ensaios”, a nossa sombra. O primeiro mostrou-nos que só Deus debe ser o nosso deber, e o segundo, a incapacidade de conhecer com certeza através da nossa razón. Mas Pascal dirá que o home non é nem a sua luz nem a sua sombra, mas âmbas entretecidas: “Segue, por conseguinte, os costûmes do seu país, porque o costûme o leva a isso: monta a cavalo, como se non fosse filósofo, porque o cavalo o tolera, mas sem acreditar que este sexa o seu direito, ao non saber se o animal tem, polo contrário, o de o utilizar a ele. Impôn-se alguns sacrifícios para evitar certos problemas; e inclusivamente mantém fidelidade no matrimónio, debido à dor que lhe causam as disputas, mas se a dor que ele sofresse ultrapassasse a que evita permaneceria inactivo, xá que a regra do seu comportamento é sempre o conforto e a calma. Assim, rexeita totalmente essa virtude estoica que se representa com um xesto severo, um olhar esquivo, o cabelo eriçado, a testa franzida e suada, em actitude entristecida e tensa, afastada dos homes, num silêncio sombrio, solitária no cimo de unha rocha: fantasma, segundo diz, capaz de assustar as crianças e que non faz mais do que, num contínuo trabalho, procurar descanso, o que nunca consegue. A sua é natural, familiar, aprazíbel, alegre e, por assim dizer, brincalhona; vai atrás daquilo de que gosta e ri-se neglixentemente dos acontecimentos bons ou maus, calmamente encostada ao seio da ociosidade sossegada, a partir de onde mostra aos homes, que procuram a felicidade com tanto esforço, que é unicamente ali que repousa e que a ignorância e a falta de curiosidade som duas almofadas moles para unha cabeça bem formada, como ele próprio diz.”
GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE