
Viremo-nos agora, por um instante, para a Antiguidade clássica e o apoxeu da Atenas de Péricles, nos séculos V e IV a. C. Forom, sem dúvida, tempos de optimismo. É a etapa do florescimento grego em que coincidem Sócrates e Platón. Como é sabido, um dos grandes motivos da filosofia platónica é o da “participaçón” do sensíbel no intelixíbel: em que medida as cousas do mundo som o eco de algo “prévio” ou superior, com o qual, de algunha maneira, permanecem vinculadas à distância, como se estivessem desdobradas. Ora, essa “metade” non vissíbel das cousas (aquilo a que frequentemente se chama “eîdos”, traduzido por “Ideia” ou “Forma”) non é exactamente unha versón mais eminente do que vemos delas (seria inxénuo acreditar que Platón pensa num cavalo perfeito, do qual todos os cavalos sensíbeis som imitaçóns), mas mais aquilo que faz as cousas serem o que som, o pressuposto nelas: o seu sentido (o “ser cavalo” do cavalo, o “ser belo” do belo), aquilo que Sócrates se empenha sem sucesso, em pedir que os seus interlocutores lhe digam, precisamente porque non é cousa algunha (“pergunto-te pola virtude e tu falas-me de cousas virtuosas!”, repete nos primeiros diálogos platónicos, para acrescentar nos seguintes que se trata de algo que só pode ser “recordado” ou “intelixido”).
ANTONIO DOPAZO GALLEGO