
Houbo alguns médicos segundo os quais, para ser perfeito, o médico debe padecer todas as enfermedades, antes de que poida emitir um xuízo perfeito sobre elas. E non parece de todo absurda a opinión (aínda que entón melhor sería non ser médico), pois ¿como vai pronunciar-se correctamente sobre a dor, quem nunca a sofreu? Diagnosticamos e curamos melhor, nos outros, as dores e doênças que xá experimentámos em nós mesmos. ¿Como entón, um cego ou alguém com defeitos de visón, vai dar um xuízo xusto sobre as côres, assím como alguém duro de ouvido sobre os ruídos, ou um paralítico sobre as qualidades tácteis? Por tanto, o que queira xulgar com perfeiçón, sobre as côres debe ver bem, e ouvir bem o que o faga sobre os sons, ter bem o tacto quem o faga sobre as qualidades tácteis, bem o gosto quem o faga sobre os sabores, mover-se bem quem sobre o movimento, dixerir bem quem sobre a dixestón, ter boa sensibilidade para a dôr quem sobre a dôr, imaxinar bem quem sobre a imaxinaçón, recordar bem quem sobre a memória, entender bem quem da intelecçón. De outro modo, como afirma Galeno, será navegante de libro, que, seguro, sentado num banco, pinta à perfeiçón portos, escolhos, promontorios, Escilas e Caribdis, e que, nunha palabra, goberna a nave com mêstria a través da cozinha ou encima da mesa, mas, se se fái ao mar e lhe confías o lême de unha trirreme, a espatelará contra as rochas, as Escilas e as Caribdis, que antes tán bem conhecía. Será como aquel que, na praça grita que perdeu o burro e o cán, descrebéndo-os com os seus sinais próprios, mas, se os tivéra diante, nos os reconhecería. E por esta razón se afirma que Cristo Nosso Senhor, quíxo sofrer as tribulaçóns humanas: para que se compadece-se mais, ao ter experimentado as nossas misérias. Pois do pobre se compadece melhor quem algunha vez foi pobre, do cautivo quem foi prisioneiro, nunha palabra, do desditádo quem foi desafortunádo, melhor que o pode fazer em tais casos quem nunca foi pobre, cautivo ou desafortunado.
FRANCISCO SÁNCHEZ