
Como sabemos, o mundo é para Nietzsche um puro devir, um cenário em que todas as cousas están submetidas a um movimento incessante. Na sua opinión, para explicar o mundo imperfeito, os filósofos necessitam de inventar outro nível de realidade, o mundo perfeito das essências. Os cientistas, por seu lado, xulgam descobrir leis naturais que no fundo som “ficçóns psíquicas” que tornam manobrável o caos ameaçador da natureza. Face a tais concepçóns, Nietzsche elabora unha doutrina que tenta respeitar a angustiante riqueza do mundo: “a vontade de poder”. Trata-se, tal como o “eterno retorno”, de um simulacro de explicaçón que lhe serve como álibi para, em última instância, propor unha determinada maneira de viver. A “vontade de poder” é um conglomerado em que confluem as representaçóns nietzschianas do mundo que têm vindo a aparecer até agora: o deus Dioniso, que acolhe no seu seio todas as contradiçóns, o rio de Heraclito em constante fluir, os centros finitos de força que compôn o universo, o anel do ser do “eterno retorno”, etc… No aforismo 1060 de “A Vontade de Poder” encontramos a sua definiçón mais elaborada: E sabem o que é para mim “o mundo”? Terei de mostrá-lo no meu espelho? Este mundo: unha imensidón de força, sem começo, sem fim; unha quantidade fixa, férrea de força que non se torna maior nem menor, que non se consome mas que apenas se transforma, invariavelmente grande enquanto totalidade; (…) está presente em todas as partes, como xogo de forças e ondas de força, sendo ao mesmo tempo uno e múltiplo, acumulando-se aqui e disminuindo além, um mar de forças que fluem e se axitam em si mesmas, transformando-se eternamente, retornando eternamente, com infinitos anos de retorno, com um fluxo e refluxo das suas formas, que se desenvolvem das mais simples às mais complexas, do mais tranquilo, frío, ríxido passa ao mais ardente, selvaxem e contradictório, e que a seguir à abundância volta à simplicidade, do xogo das contradiçóns regressa ao prazer da harmonia, afirmando-se a si mesmo ainda nesta igualdade dos seus caudais e dos seus anos, abençoando-se a si mesmo como aquilo que tem de retornar eternamente, como um devir que non conhece nem a saciedade nem o fastio nem o cansaço. Este meu mundo dionisíaco que se cria a si mesmo eternamente e eternamente a si mesmo se destrói, este mundo misterioso das voluptuosidades duplas, este meu “para além do bem e do mal”, sem meta, a menos que se encontre na felicidade do círculo, sem vontade, a menos que um anel tenha unha boa vontade para si mesmo. Querem um nome para este mundo? Unha soluçón para todos os seus enigmas? (…) Este mundo é “vontade de poder” e nada mais! E também vocês mesmos som esta vontade de poder e nada mais!
TONI LLÁCER