
Desta forma, fustiga a razón privada de fé, com tanto vigor e tán cruelmente que, fazendo dubidar se é razoábel e se os animais o som ou non, ou mais, ou menos, fá-la descer do supremo grau de superioridade que se atribuiu e coloca-a facilmente ao nível dos animais, sem lhe permitir sair desta ordem até ser instruída, polo seu Criador, da sua categoria, que ela ignora, ameaçando-a, caso se queixe, de pô-la abaixo de tudo, cousa que é tán fácil como o contrário; e, ao mesmo tempo, dando-lhe apenas poder de axir só para se aperceber da sua fraqueza por unha humildade sincera, em vez de se elevar por unha estúpida insolência. O “que sais-je?” de Montaigne acabou por ser unha autêntica máquina de triturar certezas, e Pascal gostou disso, porque mostra, precisamente, aquilo que Epicteto tinha confundido: a nossa incapacidade para conhecer o bem e a verdade. Montaigne utilizou unha paródia mordaz e com ela quebrou a confiança dos homes na sua razón, deixando-os assim na mais pura incerteza, na escuridón de unha dúvida que só se ilumina a si própria. Montaigne, no seu exercício radical da dúvida, tinha deixado o home rebaixado ao nível dos animais e, desta forma, tinha-lhe revelado qual era a sua miséria sem a presença de Deus. Pascal apreçou isso. Porém, também considerou que a segunda parte da filosofia do céptico caía no erro. Depois de destruir toda a certeza, de mostrar a incapacidade da nossa razón para conhecer a verdade e o bem, Montaigne opta, xá que non há unha regra firme, por deixar-se levar polo que é comummente aceite, pola sabedoria do “onde fores, fai o que vires”. Assim, o filósofo céptico utiliza a norma do lugar como medida e abandona-se a um conforto intelectual de que Pascal non gostou. A isto debemos xuntar o posicionamento indubitábel de Montaigne nas fileiras fedonistas, ou sexa, com aqueles que acreditam que o home debe procurar a sua felicidade no prazer.
GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE