
Mas aquí, dous séculos antes da fundaçón do Liceu (336 a. C.) por Aristóteles, estamos noutra atmôsfera. O “infinito” de Anaximandro pode ser compreendido como unha espécie de causa material susceptíbel de ser formalizada. A quê ou a quem se debería esta formalizaçón? Embora a respeito das espécies vivas se tenha evocado xá a ideia de “xeraçón espontânea”, non parece que os textos permitam deduzir se Anaximandro tinha um pensamento preciso a esse respeito, e conformar-me-ei em deixar no ar a pergunta. Em qualquer caso, o debate non acaba aí: o “infinito” será substituído, embora certamente para ressuscitar depois sob outras formas. Mas há um segundo aspecto em Anaximandro que convém considerar. Tales tinha imaxinádo que a Terra tem um suporte que a mantém, um imenso oceano em que simplesmente “fluctua”. Mas Anaximandro considera inútil dar à Terra esse suporte. Do outro lado da Terra há exactamente o mesmo que vemos por cima de nós, isto é, um espaço em que se encontram estrelas e planetas. A Terra é, nesta imensidade, um corpo de forma… cilíndrica. É muito importante que Anaximandro tenha dito cilíndrica e non esférica? Carlo Rovelli enfatiza o facto de que a Terra tampouco é unha esfera, mas sim um elipsoide algo achatado nos polos e, de facto, quase unha pera, dado que o Polo Norte é menos achatado. A importância de Anaximandro residiria em grande parte nesta conxectura de que sob a Terra non há outra cousa que aquilo que nós observamos; algo que a astronomia chinesa, sábia em tantos aspectos, non tería conseguido avançar. Certo é que o simples sentido comum pode induzir a esta hipótese: o Sol desaparece e volta a aparecer no outro extremo no dia seguinte, debe entón passar por algum lugar (“se vemos um home a desaparecer por trás de unha casa e reaparecer do outro lado é porque há um lugar de passaxem por trás do edifício”, diz Rovelli). Mas a esta ideia elementar opôn-se unha segunda que também o é: as cousas que non repousam na Terra caem, como pode pois a Terra suster-se se em nada repousa? A água de Tales supunha, a esse respeito, unha indiscutíbel vantaxem, que deixava, no entanto, em suspenso, unha série de outros fenómenos. Mas talvez non tenha de se estranhar tanto que algo carente de suporte, a Terra neste caso, no entanto, non chegue a cair. Rovelli defende que a pergunta, “Porque non cai a Terra?” pode ser substituída pola seguinte “Porque habería a Terra de cair?”. Aristóteles sintetiza perfeitamente esta teoria de Anaximandro em “Sobre o Céu”, acrescentando imediatamente unha crítica e dando a sua própria explicaçón.
VÍCTOR GÓMEZ PIN