
Com isto temos um retrato do conhecimento e da ignorância, mas nada sabemos sobre como podemos acceder ao nível superior da “epistême”, salvo que temos de libertar-nos e purificar-nos do corpo e dos sentidos. Chegados a este ponto, Platón veste-se com as suas melhores roupaxens místicas, herdadas do orfismo e do pitagorismo. Para começar, porque o acesso à verdade non é o resultado de um pocesso racional , às Formas non se chega através do pensamemto, non as “entendemos” ou “deduzimos” ou “inferimos”, as Formas “descobrem-se” ou “comtemplam-se”. As analoxias e comparaçóns com a visón som recorrentes: “o método dialéctico” eleva-se até ao princípio para estabelecê-lo firmemente, usando pouco a pouco “o olho da alma”, “eleva a parte mais nobre da alma até à contemplaçón do mais excelente dos seres”, “Sem cor, sem forma, impalpábel, a essência que constitui o ser non pode contemplar-se senón polo entendimento”, xá para non mencionar a alegoria da caverna no seu conxunto. Trata-se em resumo, de algo parecido a unha “iluminaçón”, um acesso quase místico à verdade. No Fedro, Platón narra-nos unha famosa alegoria acerca da alma, na qual esta é representada como um carro conduzido por um auriga (alma racional) que guia dous briosos cavalos (alma irascíbel e alma concupiscente). Sobre a alma em xeral falaremos mais adiante; para efeitos da teoria do conhecimento, o que agora nos importa é a doutrina da “anamnese” (reminiscência) aí exposta. Antes de nascer, as almas imortais vagam polos céus em redor das almas dos deuses; durante o voo, acedem à rexión celeste onde residem as Formas e podem contemplá-las fugazmente, unha visón que esquecerám quando se unem a um corpo e nascem. Mas é precisamente essa visón das Formas antes de nascer que nos permite descobri-las quando nos transformamos em simples mortais, contaminados por um corpo; de facto, a relaçón com os diversos obxectos da nossa experiência, todos eles cópias das Formas, desperta de algunha maneira na nossa alma a recordaçón das essências que vimos antes de nascer.
E. A. DAL MASCHIO