
Um dos muitos clichês ou estereótipos que circulam sobre Rousseau fá-lo passar por um precursor do comunismo, ao querer abolir a propriedade, no encalço de Platón ou de Thomas More, quando na realidade a única cousa que Rousseau queria era reduzir o seu excesso, isto é, impedir a acumulaçón de propriedades que propicia os monopólios e os abusos por acumulaçón de tudo: “A minha ideia” –escrebe Rousseau– “non é destruir a propriedade privada, porque isso é impossíbel, mas trancá-la nos limites mais estreitos que for possíbel”. Para erradicar simultaneamente a opulência e a indixência, recomendaba tributar tudo quanto fosse luxuoso e limitar a indústria, ao mesmo tempo que se potenciava a agricultura. Isso é o que recomenda aos corsos quando redixe um “Proxecto de Constituiçón para a Córsega”, no qual adverte que tais medidas fá-los-án mais ricos que o próprio dinheiro, por ser o dinheiro algo que só incentiva o comércio internacional e o crescimento artificial. Efectivamente, o mais desexábel seria tender para a autossuficiência de que goza o senhor de Wolmar em “A Nova Heloísa” e privilexiar o comércio local. Isto que a primeira vista poderia parecer bastante inxénuo hoxe em dia, quando a especulaçón financeira asfixia a economia de mercado e a deslocalizaçón das empresas propicia severas desigualdades sociais, recupera unha actualidade desmedida si se prestar atençón ao que se passa, por exemplo, no nordeste dos Estados Unidos, onde o pequeno estado de Vermont reclama unha “secessón substentábel”, cuxas chaves para a independência som a autossuficiência alimentar e enerxética e o estabelecimento de unha banca pública. No mesmo sentido vai o programa Chiemgauer, que tenta promover unha moeda para fomentar o comércio local nunha pequena povoaçón da rexión alemán da Baviera. Ou o denominado “consumo colaborativo” (sharing economy) que propôn utilizar as novas tecnoloxias para facilitar o acesso a bens e serviços sem esixir a sua adquisiçón, algo que, de outra forma, se practica eficazmente na antiga Berlim Oriental desde a queda do Muro e sem necessidade de recorrer à tecnoloxia. Algunhas destas iniciativas enxenhosas dos cidadáns que tentam combater as graves inxustiças xeradas polo fenómeno da globalizaçón recordam facilmente o pensamento de Rousseau de forma non deliberada.
ROBERTO R. ARAMAYO














