
O estímulo do interesse individual e a libre concorrência, som unha garantia de progresso e harmonia, como defendia Mandeville em “A Fábula das Abelhas”. A observaçón de Voltaire sobre a “tolerância relixiosa”, que implica o xogo da especulaçón, non deixa de ser inquietante, sempre que relembra a outra cara da actual globalizaçón, evidenciada na sua capacidade para dissolver pluralidades culturais e ideolóxicas. Em questóns de ordem política, compara o povo inglês com o romano, tendendo para este último, xá que “entre os romanos nunca de deu a horríbel loucura das guerras de relixión”. Na nona carta, rexeita enerxicamente a monarquia absolucta e o despotismo da nobreza, mas hesita quanto às formas de corrixir esses abusos. Dir-se-ia que sonha com unha espécie de “república burguesa”, definindo o povo como o conxunto “dos que estudam as leis e as ciências, dos negociantes e dos artesáns”. Como traduz Carlos Pujol para unha linguaxem actual: intelectuais, homes de negócios e classe média. Para Voltaire, o comerciante é o verdadeiro motor do mundo moderno e o seu papel é temido por unha nobreza ociosa, que só sabe adular sem nada contribuir para o bem comum ou para a felicidade do mundo. Sem dúvida, o patriarca de Ferney tinha vislumbrado o potencial revolucionário do burgués que, anos mais tarde, Marx identificará no “Manifesto do Partido Comunista”.
ROBERTO R. ARAMAYO