
Locke non acredita (ao contrário dos cartesianos) que possamos conhecer através das ideias a essência das cousas ou das substâncias do mundo: a partir desta crença fundamental, non fai xá qualquer sentido considerar o tipo de conhecimento deductivo cartesiano, e o mais coerente é estudar as cousas do mundo através da experiência empírica, ou sexa, da observaçón dos fenómenos perceptíbeis. Esta mudança de perspectiva é revolucionária na história da filosofia. Os cartesianos e os racionalistas em xeral manterám unha concepçón da ciência fundada em máximas e definiçóns que constituem premissas “a priori” (independentes da experiência), a partir das quais se levam a cabo deduçóns abstractas. Locke e os principais cientistas britânicos, apesar de partilharem com os primeiros unha concepçón da ciência como um sistema coherente e estructurado, non a entendem como podendo fazer-se em abstracto, desvinculada dos fenómenos da realidade empírica e só a partir da razón. Locke admira Newton e xulga que se este pôde avançar tanto no conhecimento do universo é porque teve a coraxem e a iniciativa de ver as cousas com rigor e independência, libre de todos os preconceitos e falsidades acumulados com o passar dos séculos. A sua abordaxem naturalista e precisa do conhecimento tardaria pouco a impor-se, inclusivamente ao cartesianismo na Europa: o ilustrado século XVIII seria muito mais lockiano do que cartesiano. No entanto, a consciência do contraste entre os dous modelos epistemolóxicos non debe levar-nos ao extremo de os entender como antíteses perfeitamente contrárias. Locke detectou no racionalismo cartesiano várias insuficiências e equívocos, e começou a corrixi-los com unha abordaxem diferente. Mas, como se pode ver, há mais de um elemento “racionalista” no empirismo de Locke. Na realidade, o que entendemos por empirismo britânico non alcançaria a sua plenitude até à publicaçón do “Tratado da Natureza Humana” (1739 – 1740), do céptico escoçês David Hume, que deu unha soberana tareia intelectual ao racionalismo e à sua cega confiança nas ideias inatas: aqui é preciso falar de antagonismo entre os modelos racionalista e empirista (radical). O que fez John Locke no seu “Ensaio Sobre o Entendimento Humano” (1690) foi simplesmente apresentar unha teoria própria que diferia muito da cartesiana.
SERGI AGUILAR