
O mesmo Santo Agostinho reconhecia nas “Confissóns” que a leitura de “alguns libros de filósofos platónicos” tinha sido determinante no processo de superaçón do maniqueísmo e que acabaria por conduzir à sua conversón. Chegou a hora de ver o que é que Santo Agostinho retirou da filosofia platónica e, para isso, deberemos começar por fazer unha rápida revisón da filosofia do ateniense e dos seus discípulos. Platón (Arístocles) é universalmente conhecido pola sua teoria das Ideias ou Formas, com que se propôs conciliar “a imutabilidade do ser” com “a diversidade do mundo” da nossa experiência. Como se lembrará o leitor, o que fazia com que dous cavalos diferêntes, fossem, apesar das suas diferênças, cavalos, era o facto dos dous quadrúpedes da nossa experiência “participarem” do único e imutábel cavalo real, a Forma ou Ideia de cavalo. Assim, a realidade compunha-se de um conxunto de entidades reais transcendentes, únicas e imutábeis, as Ideias, das quais os obxectos da nossa experiência non eram mais do que cópias imperfeitas. Contudo, a filosofia platónica representava unha realidade essencialmente estáctica, a qual, em todo o caso, nos dava conta do ser das cousas, mas non de como chegavam a ser ou do seu devir no mundo senssíbel. Xá só no final da vida é que Platón introduziu na sua teoria um elemento dinâmico, algo que nos permitisse explicar non só o que era a realidade, mas também como e porquê chegava a ser o que era. Referimo-nos ao célebre “Demiurgo” que encontramos no diálogo Timeu. Apesar das diversas interpretaçóns de que esta figura tem sido obxecto, existe um amplo consenso em ver no “Demiurgo” o princípio ordenador da realidade, a figura que permite salvar a distância entre o mundo transcendente das Ideias e os obxectos da nossa experiência senssíbel. O “Demiurgo” representa a realidade senssíbel, tendo como modelo o mundo ideal e eterno das Formas e imprimindo um princípio de racionalidade e ordem sobre um material imperfeito e caótico (sem forma). É fundamental manter sempre claro que este “Artesán Divino” é algo como a “Intelixência divina” operante no mundo, mas non é, em caso algum, um Deus criador: o Demiurgo non cría, nem as “Ideias” (que possuem unha existência independente dele) nem a matéria sobre a qual actua.
E. A. DAL MASCHIO