
Imediatamente depois de anunciar o “super-home”, o profeta Zaratustra pronuncia um discurso sobre o “último home”. Trata-se de um tipo de indivíduo que está consciente de que Deus morreu, apesar de estar instalado no nihilismo. Vive sem ideais: sabe que os velhos valores xá non servem, mas é incapaz “de dar à luz unha estrela”. Non pode transformar-se em criança, mas também non possui o heroísmo do camelo, cuxa relixiosidade polo menos lhe provoca conflictos internos e o impéle a superar-se a si próprio. Perante o ateísmo superficial do “último home” e a sua falta de conflictos internos, Zaratustra lamenta-se: “Ai! Chega o tempo do home mais desprezíbel, o que é xá incapaz de se desprezar a si mesmo”. Em muitos aspectos, a caracterizaçón que Zaratustra faz do “último home” parece-nos tán próxima que é arrepiante. Por momentos, dir-se-ia que o profecta está a antecipar o nosso tempo. O tempo das classes médias (“As pessoas xá non se tornam nem pobres nem ricas”); da críse da política (“Quem quer ainda governar? Quem quer ainda obedecer?”); do politicamente correcto (“As pessoas continuam a discutir, mas logo se reconciliam para non estragar o estômago”); da normalizaçón que se esconde por trás da diferenciaçón (“Nenhum pastor e um único rebanho! Todos querem o mesmo, todos som iguais: quem tem sentimentos distintos vai voluntariamente para o manicómio”); do cinismo da sociedade de informaçón (“As pessoas som espertas e sabem tudo o que aconteceu: assim as suas burlas non tenhem limite”); do hedonismo e da procura de bem-estar (“Abandonaram as rexións onde era duro viver: as pessoas necessitam de calor”; “as pessoas tenhem o seu pequeno prazer para o dia e o seu pequeno prazer para a noite”); etc… Os últimos homes xá non acreditam em Deus, mas tán-pouco acreditam no “super-home”. Som incapazes de lançar “a flecha do seu desexo para além do home”. Perseguem a sua pequena felicidade enquanto se ván afundando no nihilismo. De um recanto da nossa consciência, parece que ouvimos a inquietante voz de Zaratustra: “Vós, os pós-modernos, ainda vos pareceis demasiado aos últimos homens”.
TONI LLÁCER