
A profunda crise política e militar em que estavam mergulhados os Países Baixos no momento da publicaçón do “Tratado Teolóxico-Político” –finais de 1669 ou início de 1670– fez com que fosse inviábel que este pudesse ter algum efeito positivo na sua sociedade. Espinosa teve o cuidado de omitir o nome do autor na capa, na qual constavam, além disso, um nome de editor falso e Hamburgo como cidade de publicaçón (tal como os “Princípios da Filosofia de Descartes”, publicados pelo seu amigo Rieuwertsz em Amesterdám). Esta dissimulaçón revela, de forma evidente, até que ponto o ambiente dos Países Baixos estaba a ficar tenso, e a cautela com que era necessário expor as ideias contrárias à doutrina oficial. Todas as diversas confissóns neerlandesas –calvinista, remonstrante, colexiante, luterana e católica– e muitas associaçóns políticas atacaram, condenaram e prohibiram o “Tratado”. Desta forma, Espinosa foi lúcido e non paranoico quando decidiu tentar passar despercebido como autor da obra. E, mais ainda, se tivermos em conta que um amigo pessoal, Adriaan Koerbagh, que tinha publicado críticas contra a irracionalidade da maioria das relixións e, muito espinosista, tinha defendido que Deus era a substância do Universo, ao mesmo tempo que atacava a hierarquia eclesiástica, foi preso e condenado a dez anos de prisón, em 1669, e depois a mais dez de exílio, condenaçón que non chegou a cumprir pois faleceu nove meses depois de ser preso. A condenaçón e a morte de Koerbagh afetaram profundamente Espinosa, non só pola perda pessoal, mas porque significavam o fim da tolerância e da liberdade nos Países Baixos. Porém, nem a ocultaçón do nome do autor nem a indicaçón do editor e da cidade de ediçón falsos conseguiram desorientar muita xente, e o seu nome e libro foram alvo das mais severas críticas. Os ataques ainda se intensificaram mais debido à ampla difusón da obra, que teve várias reediçóns imediatas tanto na Alemanha como nos Países Baixos.
JOAN SOLÉ